
Durante a sua viagem a Argentina e Uruguai o presidente Lula faltou com verdade em algumas ocasiões. Ele declarou que o Brasil possui 33 milhões de famintos e que ao final do seu último governo, em 2010, ninguém tinha fome no Brasil. Também repetiu que o impeachment da ex-presidente Dilma foi um “Golpe de Estado”.
Em todas essas situações Lula praticou fake news – mentira, num bom português – mas que também pode ser sinônimo de “uso de informação falsa que é transmitida ou publicada como notícia, motivada por razões políticas ou para fins fraudulentos”.
A sua fala sobre o impeachment de Dilma, repetiu que país sofreu um “Golpe de Estado” em 2013, outra inverdade – milhares de brasileiros foram às ruas exigir a saída da presidente, o Parlamento votou a favor e o Supremo Tribunal Federal (STF), acusado indiretamente por ele de participação no ato golpista e antidemocrático, referendou assinando embaixo representando por Ricardo Lewandowski no Congresso.
Mapa da fome
Quando deixou o governo, em 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia pouco mais de pouco mais de 11 milhões de pessoas sem comida no país.
“O Brasil não tinha mais fome quando deixei a Presidência”, mentiu Lula, durante encontro com o presidente do Uruguai, Lacalle Pou, em Montevidéu, ontem, quarta-feira (25).
“Hoje, tem 33 milhões de pessoas. Significa que quase tudo o que nós fizemos de benefício social no meu país, em 13 anos de governo, foi destruído em sete anos. Três do golpista Michel Temer e quatro do governo Bolsonaro.”
Segundo o IBGE, em 2010, pelo menos 11,2 milhões de pessoas no país passavam fome ou corriam o risco de ficar sem se alimentar por falta de dinheiro. A estatística do instituto considerou os dados da população em 2009.
Além dos que passavam fome, o IBGE constatou que 65,5 milhões de brasileiros tinham alguma dificuldade para se alimentar. Segundo o instituto, 40,1 milhões viviam em situação de insegurança alimentar leve (quando há incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e/ou quando a qualidade da alimentação já está comprometida).
Para o IBGE, o Bolsa Família ajudou a reduzir o número de brasileiros que passavam fome. O aumento do salário também contribuiu como mais um motivo, mas 11,2 milhões de brasileiros não tinham o que comer ou estavam sob risco iminente de não poder se alimentar por falta de dinheiro.
“A queda foi muito importante, mas ainda há 11,2 milhões de pessoas que precisam ser vistas e cuidadas”, disse na ocasião, a gerente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, Maria Lucia Vieira. “O objetivo é eliminar essa preocupação”, afirmou na época.