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Na CNN, Wilson Lima prevê nova seca grave em 2024

El Niño pode permanecer até março de 2024 e tem até 85% de atingir intensidade forte. Atualização também destaca que ano que vem poderá ter temperaturas ainda mais elevadas.

O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), afirmou nesta semana em entrevista à CNN, que a seca de 2024 pode ser ainda mais severa do que a que o estado atravessa agora.

Ele explicou que, por conta do baixo nível dos rios, o próximo período chuvoso pode não ser suficiente para encher os rios do estado.

“O que me preocupa é que esse ano, por conta do El Niño, nós vamos ter um período de seca muito significativo e esse efeito deve se estender até abril. Ou seja, a gente vai ter um período chuvoso na Amazônia que não será suficiente para encher os rios e pode ter um episódio repetido em 2024 ou pior ainda que esse cenário aqui”, disse o governador.

A situação já afeta a distribuição de água e alimentos para mais de 500 mil pessoas no Estado.

Wilson Lima explicou à CNN que, como “na maioria dos municípios do estado os rios são as estradas”, o transporte de alimentos e água potável se tornou mais difícil.

El Niño pode permanecer até março de 2024 e tem até 85% de atingir intensidade forte

As intensas chuvas no Sul do Brasil e a seca em áreas do Norte e Nordeste do país são características clássicas do fenômeno – El Niño – que de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA) pode persistir até março de 2024. 

“Dado o crescente aquecimento oceânico que está ocorrendo atualmente, acredita-se amplamente que 2024 poderá ser o ano global mais quente já registrado, possivelmente ainda mais quente do que o que já vimos em 2023”, disse Brad Rippey, meteorologista do gabinete do economista-chefe do Departamento de Agricultura dos EUA.

Os dados foram atualizando pelo NOAA na última quinta-feira, dia 12. Além da extensão do fenômeno até o primeiro trimestre do ano que vem, os dados indicaram entre 75 e 85% do El Niño atingir forte intensidade. “Em resumo, prevê-se que o El Niño continue durante a primavera do Hemisfério Norte (com uma probabilidade de 80% durante março-maio ​​de 2024”, diz o comunicado. 

Impactos no Brasil

Os dados coletados nas estações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já mostram os efeitos do El Niño no Brasil. Depois de um setembro com chuvas acima da média no Sul e redução dos volumes nas áreas do Norte e do Nordeste, os produtores continuam sofrendo com as condições climáticas. 

No Sul do Brasil, só nos últimos dez dias o Inmet registroiu acumulados acima de 200mm em áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O excesso de água, inclusive, trouxe muitos problemas não só na área rural, mas também na infraestrutura dos estados. Mais recentemente Santa Catarina foi o mais afetado pelas recentes chuvas. 

Já no Norte e Nordeste os volumes estão baixos e segundo dados da Agência Brasil, ao menos 50 municípios estão em situação de emergência no Amazonas. 

Já nas regiões Sudeste e Centro-Oeste o produtor continua aguardando pela retomada efetiva das chuvas. Em algumas áreas a chuva já começou a chegar, mas ainda com volumes baixos e com muita irregularidade. Segundo o Inmet, pelo menos até o final de outubro a tendência é da permanência da irregularidade nas chuvas. 

Mais seca

Após atingir a maior seca em 121 anos ontem (16), o Rio Negro continua descendo e nesta terça-feira (17) voltou a bater o recorde de seca ao atingir a cota de 13,49 metros, dez centímetros a menos que a profundidade alcançada na segunda-feira (16) – 13,59 – considerada a maior marca histórica desde que o rio começou a ser monitorado pelo Porto de Manaus.

A previsão dos especialista da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), é que o nível da água vai continuar baixando até o início de novembro, apesar das chuva consecutiva registrada nos últimos três dias.

De acordo com o Porto de Manaus, desde 1902, esta é a pior seca registrada na capital amazonense. Até então, a maior vazante já registrada tinha sido em 2010, ano em que o Rio Negro desceu para 13,63 metros.

A vazante histórica do rio vem prejudicando o principal meio de transporte dos amazonenses. Os rios são as estradas por onde passam cargas de combustível, alimentos, material de construção e remédios. Com a seca, os barcos não conseguem chegar a muitas cidades.

O porto da Manaus Moderna, de onde parte a maioria das embarcações para os municípios do interior está com a sua operação de carga e descarga e de embarque e desembarque prejudicada.

A economia do estado também começa a ser afetada com a limitação dos navios de grande porte impedidos de chegar até Manaus. A temporada de cruzeiros marítimo-fluvial, com a previsão de chegada de 10 mil turistas, está ameaçada porque os transatlânticos com até 3 mil passageiros não terão como atracar no porto da cidade, que atualmente está ocupado por bancos de areia.

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