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Guerra entre tráfico e milícia tem 10 dias no Rio de Janeiro

Boto, Zinho, Lesk e Gargalhone têm relação com os confrontos atuais na Gardênia, segundo investigações — Foto: Reprodução RJ2

Moradores de comunidades da Zona Oeste do Rio de Janeiro convivem há cerca de 10 dias com confrontos violentos entre traficantes e milicianos que, segundo investigações da Polícia Civil, podem estar relacionados a uma disputa pelo domínio territorial da região. Na noite de ontem, terça-feira (24), houve mais uma intensa troca de tiros na Cidade de Deus.

Os confrontos começaram na semana passada, ora entre facções rivais, ora entre criminosos e forças de segurança. Comunidades da Zona Oeste são majoritariamente dominadas pela milícia. A Cidade de Deus é uma exceção e está sob o jugo de traficantes do Comando Vermelho há anos.

A polícia identificou uma movimentação do tráfico para tomar da milícia algumas dessas áreas: Muzema, Gardênia Azul e até Rio das Pedras. A Cidade de Deus seria o “QG”, e o Morro do Banco, “base avançada” da invasão. Nesta terça, a polícia foi até a Cidade de Deus, e houve confronto. A Cidade de Deus e a Gardênia Azul amanheceram com operações da PM.

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Os confrontos atuais ocorrem nas regiões da Muzema e Gardênia Azul e estão relacionados com criminosos da Cidade de Deus, que estariam participando de pelo menos uma das invasões.

As duas primeiras regiões são há anos dominadas por milicianos e a última, por traficantes. Além dos tiroteios, moradores relatam toques de recolher nas comunidades invadidas e até em regiões vizinhas, como Rio das Pedras.

Disputa por território

A Delegacia de Homicídios da Capital investiga 7 mortes na Zona Oeste nos últimos dias, e quatro delas teriam relação com a guerra na Gardênia.

A guerra começou com uma disputa pelo domínio de territórios entre os milicianos Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, e André Costa Barros, o André Boto.

Para despistar as autoridades, André Boto fez harmonização facial, mas foi preso em 2021. Mesmo da cadeia, ele continua dando ordens, segundo os investigadores.

Para invadir a Gardênia Azul e Curicica, ambas em Jacarepaguá, e o Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, regiões chefiadas por André Boto, Zinho usou a influência dos milicianos Philip Motta Pereira, o Lesk, e Leandro Siqueira de Assis, o Gargalhone, que já dominavam uma pequena localidade conhecida como “Marcão”, que fica dentro da Gardênia.

Só que, segundo investigações, Lesk e Gargalhone perderam o apoio de Zinho. Para conseguir permanecer no local e tomar toda a região, a dupla foi pedir ajuda a traficantes da Cidade de Deus, que é vizinha da Gardênia.

No último sábado, Lesk, Gargalhone e cerca de 50 traficantes da Cidade de Deus, que pertencem à maior facção criminosa do Rio, se reuniram na localidade Ponte Grande para atacar os milicianos da Gardênia. Os homens estariam vestindo roupas de policiais civis.

De acordo com testemunhas, desde então o tráfico conseguiu expandir os negócios para dentro da Gardênia, que era dominada pela milícia há mais de três décadas.

Só nesta semana já havia pelo menos duas bocas de fumo no local. Lesk, que antes pertencia à milícia, teria migrado de vez para o tráfico de drogas.

Imagens de cargas de drogas com o nome da Gardênia e inscrição da facção estão sendo investigadas. Os moradores sofrem com a violência na região.

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