Laboratório da Ufal vai entregar informações sobre novo navio para o Senado. Eles não acreditam que petroleiro Bouboulina seja o responsável pelo crime

Embarcação navegou com transpônder desligado e fez manobra estranha no oceano Atlântico
Foto: Reprodução
O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) encontrou uma nova imagem que pode ser determinante para chegar ao navio suspeito pelo vazamento do óleo nas praias do Nordeste e do Espírito Santo.
Os pesquisadores indicam que o crime ambiental foi cometido por um petroleiro que navegou entre a África do Sul e a costa norte da América do Sul com o aparelho que indica sua localização desligado, violando o direito marítimo internacional.
A imagem, encontrada na última sexta-feira, foi feita pelo satélite Sentinel-1A no dia 19 de julho. Nela, é possível ver uma mancha de óleo, até agora desconhecida, a 26 quilômetros do litoral da Paraíba. Teria, pelo menos, 26 quilômetros de extensão e 400 metros de largura.
Segundo o Lapis, o navio suspeito tem uma tonelagem bruta duas vezes maior do que o Bouboulina, apontado pela Marinha e pela Polícia Federal (PF) como o responsável pelo derramamento de óleo.
O Sentinel 1-A é o mesmo satélite que, no dia 24 de julho, capturou uma mancha de óleo a 40 quilômetros de São Miguel do Gostoso (RN). Com a imagem, foi possível concluir que os cinco navios gregos investigados pela Marinha e pela PF, entre eles o Bouboulina, não seriam responsáveis pelo vazamento. A avaliação do Lapis foi corroborada pela organização americana Skytruth, especialista em análises do mar.
Na nova etapa do estudo, os pesquisadores afirmaram que, “com basem em dados de geointeligência marinha, cruzados com informações de satélites, o Lapis concluiu ter havido comportamento atípico, no percurso do navio, pela costa norte do Nordeste brasileiro, no período anterior a 28 de julho”.
A próxima etapa, então, foi analisar todas as imagens de satélites da região entre os dias 19 e 24 de julho, quando passaram ali 111 navios-tanque que transportavam óleo cru. Somente um, no entanto, apresentou evidências de que teria ocorrido um incidente.
Trata-se de uma embarcação que normalmente cumpre o trajeto entre um país asiático e a Venezuela, passando pela África do Sul, com o transponder (o equipamento que indica sua ligação) ligado.
No entanto, o navio cumpriu seu trajeto em julho às escuras. Sabe-se que ele deixou a Ásia no dia 1º de julho e que chegou a costa norte da América do Sul, possivelmente na altura da Guiana, no dia 28 do mesmo mês.
“Ele não parou em nenhum porto, continuou sem identificação regular e fez uma estranha manobra, que indica uma mudança de trajetória”, dizem os pesquisadores do Lapis.
Em seguida, a embarcação aproximou-se costa nordeste dos EUA, no dia 31 de julho, e rumou para a costa africana, passando perto de Serra Leoa no dia 9 de agosto. A partir do dia 13 de agosto, seguiu de volta à Ásia.
“O percurso mostra alteração na direção do navio, indicando um comportamento suspeito ou um grande problema mecânico”, alertou o levantamento do Lapis.
Hoje, a embarcação tem feito normalmente seu itinerário, indo da Venezuela para a Singapura, com o transponder ligado. O laboratório alagoano está acompanhando o itinerário do navio suspeito.


