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Indigenista da Funai e jornalista inglês estão desaparecidos no Amazonas

O jornalista inglês Dom Phillips e o funcionário da fundação, Bruno Pereir, estava na região do município amazonense de Atalaia do Norte, a mais de mil quilômetros de Manaus, próximo da fronteira com o Peru e a Colômbia

 (crédito: Divulgação/Funai/Arquivo)

O indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai), Bruno Araújo Pereira, e o jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, desapareceram neste domingo (5) no Vale do Javari, no Amazonas, na fronteira com a Colômbia, quando vijavam de barco na região do município de Atalaia do Norte, distante 1.135km de Manaus.

Os dois eram alvos de ameaças de garimpeiros e madereiros que atuam naquela área do Amazonas de forma clandestina, inclusive de ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que controlam garimpos naquela área do estado.

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Eles estavam em um barco de pequeno porte com motor de 40HP e 70l de gasolina, o suficiente para a viagem, segundo informação da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

O Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Exército Brasileiro já foram acionados e trabalham para localizar os dois desaparecidos.

Segundo a lideranças da Univaja, a viagem tinha o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena localizada perto do Lago do Jaburu (próximo a Base de Vigilância da Funai no Rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas.

Eles chegaram ao local de destino (Lago do Jaburu) na última sexta-feira (3), às 19h25, e retornaram ontem (5) pela manhã para a cidade de Atalaia do Norte.

Antes de chegar ao destino final, no entanto, pararam na comunidade São Rafael, em uma visita previamente agendada, para que o indigenista fizesse uma reunião com o líder comunitário conhecido como “Churrasco”.

O encontro tinha o objetivo de consolidar trabalhos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território, bastante afetado pelas intensas invasões de garimpeiros, pescadores e madeireiros.

Ainda segundo informações do Unijava, eles chegaram ao local por volta das 6h, conversaram com a mulher do líder comunitário, porque ele não estava no local.

Depois, partiram rumo a Atalaia do Norte, uma viagem que dura cerca de duas horas, mas desapareceram no percurso.

“Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado. Vale ressaltar que o indigenista Bruno Pereira é uma pessoa experiente e que conhece bem a região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos”, afirma o advogado da Univaja, Eliésio Marubo.

Já Beto Marubo, membro da coordenação da Univaja, entidade composta por indígenas Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina-Pano, Korubo e Tsohom-Djapá, disse que os dois desparecidos teriam sofrido emeaças.

“Enfatizamos que, conforme relatos dos colaboradores da Univaja, essa semana a equipe recebeu ameaças em campo, além de outras que já vinham sendo feitas à equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em Tabatinga”.

Quem é Dom Phillips

No Twitter, o editor de meio-ambiente global do jornal The Guardian, Jonathan Watts, comentou o caso sobre o jornalista freelancer britânico, que se mudou para o Brasil em 2007, com passagens por São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.

Indigenista e jornalista inglês estão desaparecidos na Amazônia - Brasil -  SBT News

“Dom Phillips, excelente jornalista, colaborador regular do ‘The Guardian’ e grande amigo, está desaparecido no Vale do Javari, no Amazonas, após ameaças de morte a seu companheiro indigenista, Bruno Pereira, que também está desaparecido. Apelando às autoridades brasileiras para lançar urgentemente a operação de busca”, escreveu.

Além do The Guardian, Phillips já colaborou para o Financial TimesNew York TimesWashington PostBloombergDaily Beast,

Bruno Pereira é considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai e profundo conhecedor da região, onde foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos.

Ele também é membro do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi) e muito respeitado pelos indígenas.

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