Instrutor foi preso com silicone de digitais de aluno.
A juíza Patrícia Macêdo de Campos, da Comarca de Manaus, concedeu liberdade provisória ao instrutor de trânsito preso nesta quarta-feira (30) por suspeita de fraudar a presença de aluno em aula de direção com “dedos de silicone”. A decisão foi tomada em audiência de custódia realizada na tarde desta quinta-feira (1).
A juíza alegou que não havia motivos para decretar a prisão preventiva do instrutor e autorizou a soltura dele sem pagamento de fiança, mas com restrições.
Ele está proibido de sair de Manaus e de frequentar bares ou outros lugares que vendem bebidas alcoólicas, para evitar o risco de novas infrações, e deverá comparecer à Justiça todos os meses para informar atividades.
O instrutor foi preso em flagrante durante uma fiscalização da Polícia Civil do Amazonas no Centro de Treinamento Veicular, na zona norte de Manaus.
Agentes verificaram, ao consultar o sistema de aula prática, que o aluno identificado como Luzenil “não estava presente no centro de treinamento e nem na presença do instrutor”.
De acordo com os agentes, ao ser questionado como havia registrado a presença do aluno no sistema, o instrutor disse que “coletou a biometria através de silicone”.
Os policiais, então, apreenderam duas “biometrias de silicones” que estavam no porta documentos do veículo e dentro do bolso frontal da calça dele.
O homem foi preso em flagrante por inserir dados falsos em sistema de informação. Na delegacia, ele preferiu ficar em silêncio.
“Novato”
O proprietário da autoescola prestou depoimento no 6º DIP (Distrito Integrado de Polícia), no bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus. Conforme documento da Polícia Civil o empresário declarou que o instrutor, identificado como Evandro, “estava trabalhando a 01 (um) mês na sua autoescola de direção como instrutor de direção”.
O dono da autoescola também disse que não tinha ciência que o funcionário “fazia prática de usar silicone das digitais do aluno para fraudar a presença dos alunos no sistema” (sic).
No mesmo dia da prisão do instrutor, policiais flagraram outros quatro veículos com aula aberta, mas que estavam estacionados sem aluno.
O Detran-AM informou que que abrirá procedimento administrativo para apurar a conduta dos instrutores e, no caso do instrutor preso em flagrante, se houve conivência da autoescola em que ele era funcionário.
Quanto aos alunos que contrataram o esquema fraudulento, o Detran-AM informou que todos terão a aula de quarta-feira cancelada e também responderão a processo administrativo.
“Eles podem realizar as aulas práticas normalmente, mas, ao final do processo, se constatado o dolo, terão o processo de habilitação cancelado”, disse David Fernandes, diretor técnico do Detran-AM.
O processo para obtenção da CNH requer 20 horas de aulas práticas em veículo de autoescola. Com o sistema de biometria implantado pelo Detran-AM, elas são abertas no sistema por meio da impressão digital do aluno e do instrutor. “Como sabemos que deve haver mais situações semelhantes, vamos intensificar a fiscalização”, disse o diretor.