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Lockdown na China e guerra congestionam portos no mundo

O lockdown mais rígido em Xangai, metrópole chinesa e centro financeiro mundial, causou impactos nas cadeias globais de exportação com o congestionamento de portos na China e no resto do mundo, mas deve trazer consequências mais severas em relação às cadeias de suprimento do que o choque inicial trazido em 2020 com o surgimento da Covid-19, segundo especialistas.

Isso porque os navios porta-contêineres estão na fila por períodos mais longos de tempo para atracarem nos portos, o que acaba sobrecarregando os terminais e atrasando entregas em todos os lugares do mundo. Atualmente, um quinto da frota global de contêineres está presa em congestionamento em vários portos, de acordo com um relatório publicado pelo Royal Bank of Canada (RBC).

São mais de 345 navios aguardando para atracar no porto de Xangai, segundo Mike Tran, responsável pelo relatório. “Os gargalos nas cadeias de suprimento hoje são diferentes do que eram há seis meses. Há várias versões para isso, mas basicamente, antes eles estavam muito centrados nos EUA, no porto de Long Beach. O que estamos vendo agora é que esses gargalos estão se tornando globais.

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A guerra entre Rússia e Ucrânia causou um congestionamento muito grande na Europa, assim como os lockdowns na China no continente asiático e, claro, os gargalos nos EUA permanecem”, afirmou Michael Tran.

O diretor de estratégia global do RBC disse que o estudo considerou a situação atual dos 22 maiores portos do mundo. Nenhum porto latino-americano fez parte da pesquisa, mas Michael Tran ressaltou que os impactos dos gargalos nas cadeias de suprimento atingem todos que fazem negócios com a China.

China

“A China representa 12% do comércio mundial. Portanto, se as mercadorias ficarem presas na China, elas não chegarão aos principais consumidores. Além disso, se um navio começar a demorar mais para chegar até o seu destino em sua viagem, isso causa um grande problema inflacionário”, pontuou.

Mark Juzwiak, diretor de Relações Institucionais do Grupo Maersk, maior empresa operadora de navios porta-contêineres do mundo, disse que os lockdowns na China precipitaram um efeito cascata, reduzindo a rotatividade mundial de contêineres.

“Eu diria que não há falta de contêineres, mas sim uma rotatividade muito menor deles. Anteriormente fazíamos 4 ou 5 viagens por ano para a China, mas por conta dos atrasos estamos realizando apenas duas viagens levando e trazendo os contêineres”, declarou.

Juzwiak explicou que uma viagem marítima para a costa chinesa leva em média 40 dias para ser concluída em situações normais, mas a fila de navios nos portos asiáticos geram atrasos nas viagens de volta.

Segundo ele, a política chinesa “Covid zero” interrompeu o avanço conquistado em 2021 e no início de 2022 de retomada da atividade econômica de exportação, e os impactos causados devem ser mais fortes a partir do segundo semestre deste ano, com as sequelas sendo sentidas até 2023.

“O segundo semestre geralmente tem um volume de cargas entre 15% a 20% maior, por conta das festas de fim do ano, das datas comemorativas ao redor do mundo que movimentam bastante a economia. Portanto, acredito que mesmo que a situação epidemiológica melhore na China até o segundo semestre, ainda veremos um ambiente de demanda muito alto, mas que não será normalizado rapidamente”, destacou.

Fonte: Agência Brasil

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