O presidente Lula deve manter o dreno colocado em seu crânio por até 72 horas desde a cirurgia, feita na madrugada de terça-feira (10) no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo e a previsão dos médicos é que ele siga na UTI. O procedimento cirúrgico retirou um coágulo de três centímetros do crânio e instalou o dreno provisório.
Nesse período, a ordem é que Lula não receba visitas a não ser de parentes. De acordo com os médicos e assessores, ele está bem, consciente, falando e se alimentando normalmente. A primeira-dama, Janja da Silva, o acompanha no hospital. Os filhos e parentes próximos, porém, devem visitá-lo apenas a partir desta quarta-feira (11).
“A ideia é deixar ele descansar. Então as visitas são só da família”, disse o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. “Como eu sou família, vou visitá-lo também”, avisou. O dirigente petista confirmou ao PlatôBR que o presidente sentiu-se mal e, antes de ser levado às pressas ao hospital, queixou-se de dor de cabeça com Janja e com seu chefe de gabinete, Marco Aurélio Santana Ribeiro, o Marcola.
Parlamentares mais próximos de Lula confirmaram que vão seguir as ordens de não incomodar o presidente nem com telefonemas nem com visitas. Mesmo a primeira-dama está sendo poupada de falar ao telefone. Assim, assessores têm informado os petistas e demais políticos sobre a situação de Lula.
Assim como ocorreu durante o câncer de garganta, 13 anos atrás, Lula quis que o hospital se manifestasse rapidamente para que não se criassem especulações sobre seu estado de saúde.
Ainda durante a madrugada, com aval da equipe comandada pelo cardiologista Roberto Kalil Filho e por Ana Helena Germoglio, o Sírio Libanês distribuiu um boletim afirmando que Lula tinha sido transferido da unidade de Brasília para a matriz, em São Paulo, e sido submetido a um procedimento para drenar o hematoma causado pela queda sofrida em outubro.
O boletim dizia que Lula havia sido submetido a uma craniotomia, que consiste na abertura de uma janela na parede do crânio para permitir o acesso dos cirurgiões ao cérebro. Pela manhã, toda a equipe, incluindo o neurologista clínico Rogério Tuma e o neurocirurgião Stavale, participou de uma entrevista coletiva. Foi quando os médicos explicaram que o procedimento feito, na verdade, foi uma trepanação – um furo cirúrgico, menor que a abertura comumente feita na craniotomia.
Tuma explicou que o hematoma teve um sangramento tardio, e que isso pode ocorrer meses depois de acidentes como a queda sofrida por Lula em 19 de outubro, no Palácio da Alvorada. Stavale explicou que o hematoma fica em uma cápsula vascularizada e que, embora estivesse sendo reabsorvido pelo organismo depois do acidente, ele se “agudizou”. Na entrevista, Kalil mostrou preocupação em ressaltar que o sangramento ocorreu fora do cérebro, o que diminui drasticamente a gravidade da situação e eventuais sequelas.
O vice-presidente Geraldo Alckmin assumiu alguns compromissos de Lula em Brasília, como um encontro com o premiê da Eslováquia, Robert Fico. Reuniões com ministros foram canceladas e a agenda do presidente de toda a semana foi cancelada.