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Morre cantor Lô Borges, aos 73 anos, ícone da MPB

Lô Borges, um dos nomes mais importantes da Música Popular Brasileira e um dos fundadores do Clube da Esquina, morreu nesta segunda-feira (3), aos 73 anos, em Belo Horizente. A informação foi confirmada pela família do artista e o Hospital Unimed, em nota enviada à imprensa. O cantor estava internado desde o último mdia 17 de outubro tratando de um quadro de intoxicação de medicamentos.

Em parceria com Milton Nascimento, Lô foi um dos fundadores do Clube da Esquina. O mineiro coleciona sucessos atemporais como “Um girassol da cor do seu cabelo”, “O trem azul” e “Paisagem da Janela”.

Com mais de 20 álbuns lançados ao longo da carreira de mais de 50 anos, Lô Borges foi responsável por compor músicas além do Trem Azul e Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, como sucessos Para Lennon e McCartney, Trem de Doido e muitos outros que marcaram o gênero.

Ao lado de Milton Nascimento, Beto Guedes, do irmão, Márcio Borges, e outros artistas mineiros, Lô Borges fundou o movimento que revolucionou a MPB à época. Ele também foi um dos principais compositores dos álbuns Clube da Esquina (1972), considerado em 2022 como o melhor álbum brasileiro da história; e Clube da Esquina 2 (1978).

Sexto filho de uma família de 11 irmãos, Salomão Borges Filho nasceu no bairro Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, e se mudou ainda criança para o Centro da cidade, durante uma obra na casa em que vivia. A mudança temporária transformou, para sempre, a vida de Lô e a música brasileira.

Aos 10 anos, nas escadas do Edifício Levy, na Avenida Amazonas, ele conheceu o vizinho Milton Nascimento.

“Sentei na escadaria, dei de cara com um carinha tocando violão, era o Bituca. Eu tinha 10 (anos), e ele tinha 20. […] Fiquei vendo o Bituca tocando violão, e ele assim comigo: ‘Você gosta de música, né, menino?'”, contou Lô Borges em entrevista ao programa Conversa com Bial, em 2023.

“Dois meses depois, ao acaso também, andando pelas ruas do Centro de BH, eu conheci o Beto Guedes, que também tinha 10 anos, andando numa patinete. Eu fiquei encantado pela patinete, abordei o cara, o cara era Beto Guedes”, disse.

Clube da Esquina

A família Borges voltou a morar no Santa Tereza, e Lô, já mais velho, seguiu os passos dos irmãos e tomou gosto pela música nas ruas do bairro boêmio.

Milton Nascimento, que já não era mais vizinho, continuava frequentando a casa da família Borges.

“Tocou a campainha lá na casa da minha mãe, era o Milton Nascimento falando: ‘Cadê o Lô?’. ‘Ah, o Lô tá na esquina, num lugar que eles chamam de ‘clube da esquina’, ele está lá’. Aí o Bituca veio com o violãozinho dele, comecei a mostrar a harmonia que eu estava fazendo, era uma harmonia do Clube da Esquina, ele começou a fazer a melodia, e aí a gente fez a parceria Clube da Esquina. E na época ele já era famoso, eu era anônimo”, contou Lô Borges.

E foi nas esquinas das ruas Divinópolis com Paraisópolis que músicas conhecidas mundo afora foram escritas. O Clube da Esquina se transformou em movimento musical e, em 1972, virou o nome do disco que foi considerado, mais de 50 anos depois, o maior álbum brasileiro de todos os tempos.

O disco também foi eleito o nono melhor de todos os tempos de todo o mundo no ranking da revista norte-americana “Paste Magazine”, que listou 300 discos icônicos da história da música mundial.

No mesmo ano em que assinou o álbum Clube da Esquina, Lô Borges gravou e lançou o primeiro disco solo, o Disco do Tênis.

Pausa e retomada

O sucesso repentino fez com que Lô Borges desse um tempo dos palcos. O artista viveu um período em Arembepe, na Bahia.

“Eu estava vivendo a minha vida, tocando violão, eu não parei de compor, as canções foram se avolumando na minha vida, aí eu voltei em 78, com muito mais maturidade e fiz um álbum que eu considero um dos melhores álbuns que eu já gravei, que já compus, que é o Via Láctea”.

Em 1984, Lô Borges fez sua primeira turnê por todo o Brasil com o disco Sonho Real. Na década de 1990, uma parceria com Samuel Rosa, na música “Dois Rios”, trouxe Lô de volta aos holofotes.

Desde 2019, o artista mantinha a tradição de lançar um álbum de músicas inéditas por ano. O último foi Céu de Giz, em agosto de 2025, uma parceria com Zeca Baleiro.

*Com informações do G1

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