Após registrar uma pequena baixa de um centímetro e iniciar o que seria um processo de vazante, o Rio Negro voltou a subir três centímetros em Manaus. Nesta quarta-feira (16), o nível do rio atingiu 30,02 metros, um novo recorde histórico desde o início dos registros, em 1902.
O fenômeno é conhecido como ‘repiquete’, quando o rio começa a descer e volta a subir. Nas últimas 48 horas Manaus tem registrado precipitações de chuva forte, que podem ter influenciado no repentino retrocesso de vazante.
Além do Negro outros rios do Amazonas também subiram além do nível normal e, segundo boletim da Defesa Civil, mais de 455 mil pessoas foram atingidas pela cheia em todo o estado.
Maiores cheias do Rio Negro
- 2021 – 30,02 m
- 2012 – 29,97 m
- 2009 – 29,77 m
- 1953 – 29,69 m
- 2015 – 29,66 m
- 1976 – 29,61 m
- 2014 – 29,50 m
- 1989 – 29,42 m
- 2019 – 29,42 m
- 1922 – 29,35 m
- 2013 – 29,33 m
Cidades em situação crítica no AM
Em praticamente todo o Amazonas, a cheia causa inundações e prejuízos. De acordo com dados da Defesa Civil, mais de 400 mil pessoas estão afetadas. Das 62 cidades, 48 estão em situação de emergência.
A elevação do nível influenciou afluentes como o Rio Branco (RR) e o Madeira, que chegaram a alagar trechos de rodovias como a BR-174 (Manaus-Boa Vista) e BR-319 (Manaus-Porto Velho). A enchente também afetou o setor primário e a agricultura do Amazonas sofreu prejuízos em torno de R$ 200 milhões.
Em Parintins, o Rio Amazonas já registra a maior cheia da história. Ruas principais da cidade registram pontos de alagamento. Nas comunidades rurais, produtores contabilizam perdas de safras inteiras por conta da inundação das produções.
Em Itacoatiara, o nível do Rio Amazonas baixou para 15,12 metros, segundo o boletim da Defesa Civil divulgado neste sábado (12). Neste ano, o rio atingiu uma marcar recorde de 15,20 metros, a maior já registrada na história da cidade.
Apesar da descida no nível do rio, vários bairros da cidade estão com as ruas inundadas desde o mês de março. Por conta disso, comerciantes relatam aluguéis atrasados e mercadorias estragam em contato com a água.
Em Manacapuru, na Região Metropolitana, a cheia também é considerada histórica. O Rios Solimões atingiu a marca de 20,82 metros, superando em quatro centímetros o recorde de 2015.
Já em Anamã, a situação é ainda mais crítica. O município, a 165 quilômetros de Manaus, recebeu uma balsa hospital para atender a população depois que a subida do Rio Solimões alagou o Hospital Francisco Salles de Moura e os atendimentos foram suspensos. São 9.570 pessoas afetadas.