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O abre alas das Marias no Largo São Sebastião

Bloco Maria Vem com os Outras completa 13 anos de barulho sintonizado.

Nesta quinta-feira (8), é dia de brincar com o bloco Maria Vem com as Outras. O Largo São Sebastião, Centro, será o lugar de concentração da turma a partir das 16h, onde a performance carnavalesca “Violência e Misoginia não combinam com folia”, ganhará corpos, cores e ritmos.

São 13 anos de barulho sintonizado. Em 2011, mulheres ligadas a diferentes coletivos feministas de Manaus se articularam para ampliar a visibilidade da pauta das mulheres e oferecer a prévia das manifestações do Dia Internacional da Mulher – 8 de março – por meio do bloco.

Presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM, criado em 2006), a ativista Auxiliadora Brasil resume o porquê do Maria Vem e da convocação para integrar a folia da quinta-feira: “Queremos contribuir para que todas as foliãs se sintam seguras, respeitadas e conscientes de que a importunação sexual deve ser denunciada, pois, é crime!” É o tema nacional do Carnaval de 2024, proposto pelo Ministério das Mulheres em parceria com os movimentos feministas e de mulheres.   

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O carnaval, como cortina ou colcha, feitas de tantos retalhos sociopolítico, econômico e cultural, é território da representação da diversidade do Brasil, das suas tensões, ranhuras, acordos, conflitos e criatividade.

As pautas cantadas, desenhadas nos corpos dançantes ou observadores na alegria mediada ou desmedida, na namoração livre e nos amores confirmados, nas maldições lançadas sobre a festa profana sintetizam o País.  

Os estudos a cada tempo revelam o quão complexo é o carnaval e quantas páginas pedem passagem para ser parte dessa história. Uma referência que busca estabelecer data e início da folia é a festa do entrudo (de Portugal) que no século 17 chega ao Brasil para, no século 19, ser criminalizada.

Os apontamentos citam os grupos que à época ocupavam as ruas do Rio de Janeiro para brincar nos dias de carnaval.

Chiquinha Gonzaga, em 1899, faz a primeira marcha de carnaval. A “Ó abre alas” atravessou o tempo e se mantém entre as preferidas nos dias atuais. A primeira gravação cantada da música ocorre em plena ditadura militar, em 1971, nas vozes das irmãs Dircinha e Linda Batista. A outra composição – “Abre alas” – de 1939, é de autoria de Piedade e Jorge Faraj e, por vezes, atribuída a Chiquinha (dados do site ChiquinhaGonzaga.com).

Chiquinha Gonzaga se mantém viva nas Chiquinhas e Chiquinhos que a descobrem, redescobrem, a reinventam  a cada época e engrossam a delícia rebelde de: Ó abre alas/  Que eu quero passar/ Ó abre alas/ Que eu quero passar/Eu sou da lira/Não posso negar/Eu sou da lira/Não posso negar”. O Maria Vem com as Outras é da lira. Eu sou da lira, não queremos negar e sim abrir as alas, as ruas, os lugares onde queremos ficar, com respeito e segurança.

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