Portal Você Online

PCC cria rota aérea para traficar no Amazonas e driblar seca dos rios, afirma SSP-AM

Dois helicópteros com drogas foram interceptados na região este ano e Secretaria de Segurança do estado afirma que fiscalização dos rios também contribui para novo caminho

Para driblar a fiscalização e a seca sem precedentes no Norte do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem usado aeronaves, e não mais apenas embarcações, para atravessar a Amazônia e escoar cocaína e skunk, maconha superpotente produzida em laboratório nos países andinos. Os criminosos distribuem as drogas para o resto do país, a Europa e a África.

A nova via aérea foi identificada neste ano, afirma o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Marcus Vinícius Oliveira de Almeida. Pelo menos duas aeronaves envolvidas no narcotráfico foram apreendidas no estado e uma terceira foi identificada pelas autoridades.

“A produção de cocaína hoje é feita pelo próprio PCC, no Peru. Eles estão usando tanto helicóptero quanto avião, afirma o secretário, acrescentando que um dos motivos do surgimento da rota aérea é o aumento da fiscalização pelos rios. Estava difícil escoar pelo Solimões’.

Um documento de inteligência da Secretaria de Segurança do Amazonas, explica a inauguração da rota como uma medida adotada mediante a seca na Amazônia. “O principal meio de transporte encontra-se, em boa parte, sem condições de navegação”, diz o documento.

De acordo com coronel as aeronaves usadas pelos criminosos são precárias, em geral provenientes do garimpo ilegal e, muitas vezes, roubadas.

“São aeronaves com numeração raspada. Uma delas a gente até pensou em recuperar, mas ficaria tão caro que nem compensa” contou o secretário.

Bases na mata

Os narcotraficantes, de acordo com Almeida, têm montado bases operacionais na mata, e contam com o suporte de comunidades locais, que podem ser cooptadas ou ameaçadas. Ele ressalta a dificuldade de coibir esse crime aéreo:

Operações conjuntas da Polícia Federal, da Força Aérea Brasileira (FAB), além das Polícias Civil e Militar do Amazonas, resultaram na apreensão de helicópteros envolvidos no tráfico de drogas no estado.

Em 17 de agosto, um helicóptero Robinson R44 Clipper I, usado por traficantes que atuam na Rota do Solimões, foi apreendido em Alvarães. Foi encontrado também um acampamento com antena de internet via satélite, placas de energia solar, combustível, gerador de luz e um freezer com comidas. O helicóptero estava no solo, aguardando um mecânico. O piloto, o mecânico e mais duas pessoas conseguiram fugir pela mata. Três integrantes da facção foram presos.

O helicóptero apreendido já havia sido visto sobrevoando a área rural de Benjamin Constant, onde houve a apreensão de 4,2 toneladas de cocaína. A suspeita é que o mecânico foragido seja venezuelano. Outro helicóptero, de cor branca, tem sido visto nas redondezas. É possível que seja usado pelo mesmo grupo criminoso, além de ter ajudado no resgate dos que fugiram na operação, de acordo com policiais.

Em 9 de setembro, a FAB interceptou um helicóptero que transportava 238 kg de skunk no Amazonas. A aeronave entrou no espaço aéreo brasileiro sem autorização, vinda da Venezuela. Segundo a FAB, assim que ingressou no espaço aéreo brasileiro sem apresentar plano de voo, foi detectada e monitorada pelo Comando de Operações Aeroespaciais e classificada como suspeita.

Polícia Federal apreende cerca de 238 kg de maconha tipo skunk em aeronave no interior do Amazonas

Um avião A-29 Super Tucano e um helicóptero H-60 Black Hawk participaram da ação, com apoio da PF. O helicóptero fez um pouso forçado em uma área verde próxima a Manaus, por volta das 15h40. Agentes da PF no Black Hawk da FAB apreenderam a carga de skunk. O piloto conseguiu fugir.

Em nota, a FAB informou que conduz permanentemente ações de policiamento do espaço aéreo. Essas ações incluem a Operação Ostium, uma vigilância contínua da região de fronteira com a Polícia Federal, “com o objetivo de impedir voos irregulares ligados a crimes como o narcotráfico”.

Segundo a aeronáutica, em casos de abordagem onde não há cooperação da aeronave interceptada, pode ser aplicado o tiro de detenção (TDE) para interromper o voo. “Desde o início dessas operações, houve cinco ocasiões na Amazônia Legal em que o TDE foi necessário”, afirmou a Força.

A FAB complementou que há uma rede de radares e aviões F-5M e A-29 Super Tucano que auxiliam na vigilância: “Sensores de satélites, drones e o avião-radar E-99 reforçam o monitoramento. Nas operações de controle de solo, especialmente em áreas de difícil acesso, helicópteros da FAB transportam agentes públicos para as respectivas ações”.

Notícias Relacionadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *