Avião da PF chega a Brasília com restos mortais de jornalista e indigenista; material genético recolhido no local do crime serão periciados no Instituto Nacional de Criminalística

Após encontrar os restos mortais do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no Vale do Javari, no Amazonas, a Polícia Federal se concentra agora em descobrir a dinâmica do crime e o envolvimento de outras três pessoas na investigação.
Ontem(16), o laudo preliminar concluiu que o sangue encontrado na lancha onde estava Amarildo não é do jornalista Dom Phillips. A análise que foi comparada com o material genético do indigenista Bruno Pereira apresentou resultado inconclusivo.
Vísceras encontradas na região, que seriam um estômago, não contêm DNA humano, de acordo com informações divulgadas pelos investigadores.
No entanto, o resultado pode ter sofrido interferência da degradação do material biológico, em razão da ação do ambiente em que ficou exposto e do tempo entre a retirada do corpo até o momento em que foi encontrado e levado para perícia. Ainda é necessário entender se realmente é ou não um órgão humano.
Embarcação
A Polícia Federal vai continuar nesta sexta-feira (17) as buscas pela embarcação que transportava o indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, mortos no Amazonas.
O local onde as buscas se concentram foi apontado por Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, que confessou ter matado Dom e Bruno, depois esquartejado, tocado fogo nos corpors e depois enterrado. Ele também indicou à polícia onde os corpos foram ocultados.
O barco de Bruno e Dom foi afundado pelos suspeitos em uma área de difícil acesso. Segundo Pelado, eles retiraram o motor e colocaram sacos de terra e pedras para afundar.
Confissão
As diligências, que até agora se concentravam nas buscas, passam a focar a autoria e a motivação do crime. Os exames periciais nos restos mortais devem ser realizados em até sete dias, e os laudos deverão ser apresentados na próxima semana.
Em seus depoimentos, os pescadores Osoney da Costa e Amarildo dos Santos confessaram que atuaram nas mortes e na ocultação dos cadáveres. Alegam que Dom e Bruno chegaram em um momento em que eles pescavam em local irregular.
No entanto, as afirmações não convenceram os investigadores, que procuram outros elementos de prova e avaliam o eventual envolvimento do narcotráfico. A região fica perto da divisa com o Peru e tem forte atuação de organizações criminosas especializadas no tráfico de drogas.
A dupla desapareceu após deixar o município de São Gabriel com destino à cidade de Atalaia do Norte. A viagem, que deveria durar cerca de duas horas, não foi concluída e, assim que notaram que havia algo de errado, indígenas da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari enviaram a primeira equipe de buscas.
Perseguição
Uma testemunha ouvida sob a condição de anonimato pela Polícia Federal relatou ter visto uma lancha onde estava Dom e Bruno passando pelo Rio Taquaí. Em seguida, de acordo com o depoimento que foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), outra embarcação, que levava Amarildo dos Santos, passou em alta velocidade em direção aos profissionais.
Para os investigadores, a declaração revela que a intenção de matar as vítimas pode ser bem anterior ao momento dos homicídios e ter sido planejada, ao contrário do que alegam os suspeitos em depoimento.
Brasília
O avião da Polícia Federal (PF) que transportou os remanescentes humanos encontrados durante as buscas pelo indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips pousou, por volta das 18h30, de ontem (16) no Aeroporto de Brasília.
O material foi levado para o Instituto Nacional de Criminalística , onde será periciado para confirmação da identidade.
O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal inglês The Guardian estavam desaparecidos desde 5 de junho, na região do Vale do Javari, no oeste do Amazonas.


