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Pesquisa mostra peixes contaminados no Rio Madeira e água do Rio Negro imprópria para consumo

As análises foram realizadas durante uma expedição da campanha de monitoramento da qualidade das águas dos rios do Amazonas, conduzida em abril pela Universidade Estadual do Amazonas

Uma expedição da campanha de monitoramento da qualidade das águas dos rios do Amazonas revelou alta contaminação de peixes por mercúrio no Rio Madeira, localizado no interior do estado.

Além disso, também mostrou em estudo pioneiro sobre a qualidade da água do rio Negro – que ela  não é adequada para consumo por apresentar no pH da água presença de metais e coliformes.

Para banho os níveis ainda são aceitáveis, visto que apenas altos níveis de coliformes apresentam riscos para o contato humano.

O estudo, foi realizado em abril pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e divulgado nesta quarta-feira (13) e trouxe à tona dados alarmantes sobre o impacto da poluição nos ecossistemas aquáticos da região.

O coordenador do Programa de Monitoramento de Água, Ar e Solos do Estado do Amazonas (ProQAS/AM), professor Sérgio Duvoisin Junior, detalhou que a expedição foi realizada em parceria com a Universidade de Harvard.

Rio Madeira

Durante a pesquisa, foi decidida a inclusão da análise de mercúrio nos peixes do Rio Madeira, devido à preocupação com os impactos ambientais, especialmente provenientes do garimpo ilegal na região.

Duvoisin explicou que foi realizada a coleta de uma grande variedade de peixes consumidos nas cidades locais, e a pesquisa, que continuou na Universidade de Harvard, revelou a presença de mercúrio na contaminação. Os peixes analisados incluíram tanto predadores quanto não predadores, que podem ter concentrações máximas de mercúrio consideradas perigosas.

O professor explicou que, embora a análise já tenha sido realizada, outras expedições serão feitas nos próximos três anos na região. O objetivo é consolidar as informações coletadas sobre os níveis de mercúrio encontrados nos peixes do Rio Madeira e aprimorar a compreensão sobre a contaminação na área.

Rio Negro

A viagem foi feita a bordo do barco “Roberto Santos Vieira”, que, durante 10 dias, transportou uma equipe de 13 pesquisadores da UEA e sete tripulantes em diferentes trechos da bacia do rio Negro.

Durante a expedição, a equipe de pesquisadores estabeleceu 66 pontos de monitoramento ao longo do rio Negro, todos georreferenciados, para analisar a qualidade da água em diferentes trechos. Foram coletados dados de 36 desses pontos, incluindo uma análise detalhada de 164 parâmetros, que vão desde o pH da água até a presença de metais e coliformes.

“Ainda que a água seja segura para banho, esses níveis mostram o impacto de atividades humanas sobre a qualidade das bacias, especialmente em regiões próximas a áreas urbanas como Manaus e Barcelos, por exemplo (pontos que apresentaram uma queda no índice de qualidade da água durante as análises)”, comentou o coordenador do estudo.


O grupo de estudos também monitorou as bacias do Tarumã Mirim, Tarumã Açu, São Raimundo, Educandos e Puraquequara. Os resultados, segundo ele, chamam a atenção para São Raimundo e Educandos, que apresentam os piores índices de qualidade de água devido ao despejo de esgoto e outras atividades urbanas.


Durante a expedição, também foi possível comparar os níveis de pH entre o rio Negro, naturalmente ácido, e outras regiões como o rio Branco, que possui pH mais próximo do neutro, evidenciando variações significativas entre as bacias amazônicas.

Quanto à presença de metais no rio, como o mercúrio, o coordenador da pesquisa explicou que a equipe não identificou a presença desse material na bacia do rio Negro, ressaltando, porém, que os equipamentos utilizados não tinham sensibilidade suficiente para a detecção.

Uma análise mais precisa sobre essa questão será realizada no próximo ano, através de uma parceria internacional com a Universidade de Harvard, anunciada também nesta quarta-feira.

Segundo Duvoisin, essa nova parceria envolverá tanto alunos da UEA quanto de Harvard, promovendo o intercâmbio de conhecimento e o avanço do monitoramento de metais pesados na região.

A Universidade de Harvard será responsável por trazer equipamentos de alta sensibilidade para o monitoramento do mercúrio, um contaminante que preocupa por conta das atividades de garimpo ilegal frequentes na região e que pode ter graves efeitos ambientais e na saúde humana.

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