por: Entre os presos estão três irmãs do traficantes Bacurau, que segundo a polícia comanda uma organização criminosa no município amazonense
A Polícia Civil do Amazonas prendeu, no início da manhã desta segunda-feira (17), quatro suspeitos de envolvimento da morte do 3º sargento Manoel Wagner Silva Souza, do cabo Márcio Carlos de Souza, e de ferir a bala o tenente Anderson Molaz e o cabo Rocha, da Companhia de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar, durante operação no município de Nova Olinda do Norte, em 3 de agosto.
Os mandados de prisão preventiva, expedidos pela Justiça do Amazonas, foram cumpridos nas primeiras horas da manhã. Entre os presos estão três irmãs de Valdelice Dias da Silva, o Bacurau, identificado nas investigações como o líder de uma organização criminosa local. Todas já tinham sido presas por tráfico de drogas.
O outro preso é o presidente da Associação Nova Esperança do Rio Abacaxis (ANERA), que comandava ataques a embarcações que navegavam no local e que, no dia das mortes, repassou informações sobre os policiais para Bacurau.
Segundo o delegado Cícero Túlio, que coordena as investigações sobre os crimes na região, testemunhas relataram a atividade criminosa exercida pelo grupo no local, que além do cultivo de entorpecente, andavam ostensivamente armados e saqueavam embarcações.
A Advocacia Geral da União já havia se manifestado aneriormente sobre a prática ilegal das fiscalizações clandestinas realizadas pela associação contra barcos na região, apontando inclusive a presença ilícita de pessoas armadas.
“O presidente da ANERA figura como uma liderança comunitária responsável por fiscalizações ilegais à embarcações que navegam no Rio Abacaxis. Durante as investigações foi possível constatar que possuía vínculo com o Bacurau, que era quem fazia as abordagens com armas aos que adentravam na região, culminando com saques a essas embarcações”, disse o delegado.
Segundo as investigações, no dia da morte dos PMs, o presidente da ANERA repassou informações sobre os policiais para os autores da emboscada.
“No dia em que houve a morte dos policiais do COE, a embarcação em que os policiais estava foi inicialmente abordada pelo presidente da Associação, o qual, consoante relatado em depoimentos, repassou a informação de que policiais estavam na região para o bacurau, o qual realizou a emboscada”, disse Túlio.
Um mês antes da operação, o bando de Bacurau assassinou com 16 facadas o filho de um cacique Maraguá. A região reivindicada pelos povos indígenas vinha sendo invadida pelos criminosos, que ameaçavam moradores locais e viam a livre circulação no Rio uma ameaça ao tráfico de drogas.
Além das prisões realizadas hoje, o trabalho das polícias em Nova Olinda do Norte resultou na prisão em flagrante de outros 13 suspeitos, na apreensão de 13 armas, além da localização de quatro plantações de maconha.
Saiba mais
Durante duas semana de operações em Nova Olinda do Norte, mais de 50 policiais civis, militares e federais ocupam o município amazonense a pouco mais de 100 km de Manaus.
Nesse período, foram apreendidas dezenas de armas, 15 pessoas foram presas, quatro delas suspeitas de participação direta na emboscada seguida de morte dos PMs do COE, plantações de maconha foram destruídas e moradores da região estão desaparecidos, segundo relato de parentes.
Durante a ação da polícia, foram feitas denúncias de agressões aos moradores, muitos deles indígenas, e da morte de pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato dos policiais, que estariam trabalhando para traficantes, que mantém plantações de maconha no município.
No último dia 10, agentes da Polícia Federal foram enviados ao município, após uma decisão judicial, para apurar essas denúncias e garantir a proteção dos índios da região. A investigação apura a conduta de policiais nas abordagens, mas não descarta a ação de traficantes nos abusos.
Na sexta-feira última (14), uma tropa da Força Nacional também desembarcou naquela cidade, aumentando o efetivo de policiais na região.
