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Região Norte é a que menos vacina contra a gripe no país

 A região Norte tem a cobertura vacinal contra a gripe mais baixa do país, com 28,3%, segundo a plataforma da Secretaria de Informação e Saúde Digital, vinculada ao Ministério da Saúde.

Na população-alvo foram aplicadas 6,5 milhões de doses – sendo 5,09 milhões se considerados só os grupos definidos pelo ministério para cálculo da cobertura vacinal, que são gestantes, puérperas, os idosos, trabalhadores da saúde, professores e povos indígenas. Os dados são da última quarta (17).

O governo federal antecipou o esquema de vacinação no Norte para a segunda quinzena de março – no restante do país, a campanha começou em 10 de abril. Em Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, a taxa de cobertura ultrapassa a casa dos 30%.

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Acre e Roraima apresentam as taxas mais baixas, de 15,03% e 11,7%, respectivamente. As mais altas pertencem a três estados do Nordeste: Maranhão (68,2%), Paraíba (49,8%) e Pernambuco (42,1%).

A Secretaria da Saúde de Roraima afirmou que reforça junto à população a importância da imunização como o único meio seguro de evitar complicações por gripe. Segundo a pasta, os municípios de Amajari, São Luiz e Uiramutã estão, no momento, com cobertura vacinal zerada.

“No Norte as regiões são mais distantes, de acessos mais difíceis e que registram menos as doses aplicadas, então você tem sub-registros. Há menos salas de vacina, menos capacitação”, afirma o pediatra Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). “É a estrutura de uma região amazônica comparada com a de uma grande metrópole do Sul e do Sudeste”, comenta.

O cenário da baixa cobertura prevalece no país. Desde segunda (15), a vacina contra o vírus influenza foi liberada a todos os brasileiros com mais de seis meses de idade. Até a noite de quarta (17), o ministério não havia disponibilizado no painel os dados de vacinação do público em geral.

No Piauí, a Secretaria Estadual da Saúde afirmou que não há como precisar. Na capital Teresina, a medida valerá a partir da próxima segunda (22). A Secretaria de Saúde de Minas Gerais disse apenas que a oferta segue a disponibilidade de doses e a estratégia definida pelos municípios. Nos demais estados e no Distrito Federal, a ampliação já começou.

Até as 19h15 de quarta-feira, o Brasil já havia aplicado mais de 25,8 milhões de doses da vacina contra a gripe.

No período, a taxa de cobertura vacinal dos grupos considerados para o cálculo oficial totalizou 34,2%. A meta é chegar a 90%.

A reportagem perguntou ao Ministério da Saúde sobre a distribuição de doses aos estados, mas até o a publicação não obteve resposta.

Segundo o pediatra, a alta procura pela vacina está relacionada ao risco. “A campanha da gripe tem uma característica que é vinculada à atividade do vírus naquele ano.

Quando há uma atividade maior, uma cepa mais agressiva e uma temporada com mais casos, hospitalizações e óbitos, a adesão à campanha é muito maior. Neste ano, apesar de a temporada estar no início, ainda não houve a adesão que a gente gostaria, infelizmente”, diz Kfouri.

“Pela primeira vez, estamos abrindo a campanha para a população, e isso é motivo de debate. Jogar fora a vacina não é interessante. Abrir a campanha só depois que começou a temporada de influenza – a vacina leva um mês para fazer efeito- também não é interessante. Abrir para toda a população precocemente tem a vantagem de usar a vacina na maior parte da população no tempo correto, antes da temporada de inverno”, afirma.

Para o médico sanitarista Adriano Massuda, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), é necessário o fortalecimento da Atenção Primária e do Programa Nacional de Imunização, além de inovar e melhorar a comunicação com a população.

Massuda defende a formação de um pacto político. “Se há dificuldade para aumentar a cobertura da vacinação, o governo federal deve chamar os governadores e prefeitos das capitais para falar sobre a necessidade de fortalecer os programas de imunização, e que também eles se responsabilizem por isso”.

As fake news e a descrença da população nas vacinas também têm uma parcela de responsabilidade, segundo Massuda.

O Ministério da Saúde recomenda duas doses da vacina contra o vírus influenza para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos de idade, que serão vacinadas pela primeira vez.

O intervalo deve ser de 30 dias, no mínimo. A partir dos 9 anos, a dose é única.

A gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocada pelo vírus influenza, que possui grande potencial de transmissão.

Os sintomas mais comuns são tosse, falta de ar, febre, dor de cabeça, de garganta e no corpo, mal-estar, calafrios, secreção nasal excessiva, fadiga e diarreia.

Febre alta e dificuldade para respirar são sinais de agravamento. A principal complicação é a pneumonia, mas o paciente pode ter piora das doenças crônicas, otite, sinusite e desidratação. “De sete a oito de cada dez mortes por gripe que há todo ano no país ocorrem em grupos vulneráveis -idosos, crianças, doentes crônicos, gestantes”, alerta Kfouri.

Fonte: Agência Brasil

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