No Amazonas, até o momento, 36 mil famílias foram afetadas pela cheia, aproximadamente 144 mil pessoas impactadas diretamente.

O nível do Rio Negro em Manaus subiu de 27,49 metros para 27,56 metros nas últimas 24 horas e ultrapassou a cota de inundação, estabelecida em 27,50 metros. Os dados são do site oficial do Porto de Manaus. A marca registrada nesta segunda-feira (28) acende o alerta para o início do processo de alagamento em áreas vulneráveis da cidade.
Segundo a pesquisadora em Geociências do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Jussara Cury, a partir de 27,50 metros o Rio Negro atinge a cota de inundação, o que, segundo informações da Defesa Civil, já pode impactar algumas áreas da cidade, especialmente os bairros mais próximos da orla.
O meteorologista da Defesa Civil de Manaus, Guilherme Figliuolo, afirmou que o órgão já iniciou ações para mitigar os efeitos da cheia na capital. Segundo o meteorologista, a construção de pontes em áreas alagadas começou há duas semanas, com prioridade para bairros como o São Jorge, na zona Oeste da cidade, um dos primeiros a ser atingido.
De acordo com o meteorologista da Defesa Civil do município, atualmente o monitoramento é feito em 19 bairros, mas, no momento, os mais afetados são São Jorge, Educandos e Mauazinho. Em breve, bairros como Puraquequara, Colônia Antônio Aleixo e Presidente Vargas também poderão ser atingidos, segundo ele.
“Presidente Vargas, São Raimundo, Glória e Compensa tendem a ser impactados à medida que o nível ultrapassar os 28 metros”, disse Guilherme, ao destacar que essas áreas também estão no radar da Defesa Civil para ações de contenção.
Outro alerta, segundo ele, é para o aparecimento de animais peçonhentos, como cobras, e até jacarés.
Além dessas ações de infraestrutura emergenciais, Figliuolo também destacou que as famílias atingidas podem se cadastrar e serem beneficiadas com o programa Bolsa Cheia. O programa concede auxílio financeiro durante o período de maior impacto da cheia.
Governo do Amazonas divulga boletim sobre a cheia no estado

Também nesta segunda-feria (28), o Governo do Amazonas, por meio do Comitê Permanente de Enfrentamento a Eventos Climáticos e Ambientais, divulgou o boletim com informações atualizadas sobre a cheia no estado.
Até o momento, 36 mil famílias foram afetadas em todo o Amazonas, aproximadamente 144 mil pessoas impactadas diretamente. As nove calhas de rios do Amazonas seguem em processo de cheia, com picos variados previstos entre março e julho.
De acordo com os decretos municipais, dos 62 municípios amazonenses, 13 estão em Situação de Emergência, 13 em Alerta e 36 em Atenção. Em relação ao último boletim, Atalaia do Norte saiu de Alerta e entrou em Situação de Emergência.
Na última semana, o Governo do Amazonas antecipou a chegada da ajuda humanitária destinada aos municípios da calha do rio Madeira pela cheia dos rios. Entre os dias 21 e 23 de abril, Manicoré, Apuí e Humaitá receberam alimentos, água potável, caixas d’água e kits de purificadores, reforçando o apoio às populações em Situação de Emergência. Ao todo, as entregas contemplaram 8 mil famílias nos três municípios, beneficiando aproximadamente 26 mil pessoas.
Para a calha do Purus, o município de Boca do Acre (a 1.028 quilômetros de distância de Manaus) também recebeu ajuda humanitária, sendo o quarto do interior do Amazonas a receber apoio do Governo do Estado.
Com a operação coordenada pela Defesa Civil, aproximadamente 2 mil famílias serão beneficiadas com a entrega de 2 mil cestas básicas, o equivalente a 40 toneladas de alimentos, além de 200 caixas contendo 6 mil copos de água potável.
Saúde
O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), embarcou, na sexta-feira (25/04), mais 30 kits para serem distribuídos para os municípios de Boca do Acre, Ipixuna e Guajará. Cada kit atende cerca de 500 pessoas, beneficiando 15 mil cidadãos nestas cidades.
Anteriormente, a SES-AM já havia enviado 42 kits para outros quatro municípios: Humaitá (12), Apuí (10), Novo Aripuanã (10) e Manicoré (10). A previsão é alcançar mais de 35 mil pessoas em sete municípios, totalizando 72 kits destinados.
Operação Cheia
A Operação Cheia 2025 iniciou, no dia 16 de abril, com o anúncio do governador Wilson Lima de envio de ajuda humanitária para a calha do rio Madeira, especificamente, para os municípios de Humaitá, Manicoré e Apuí, as primeiras cidades a decretarem Situação de Emergência em razão da cheia.
A mobilização foi realizada, no dia 18 de abril, no Porto do São Raimundo, em Manaus, de onde saiu uma força-tarefa coordenada para garantir o atendimento imediato às populações afetadas.
Foram encaminhadas 160 toneladas de cestas básicas, contendo alimentos de primeira necessidade para garantir a segurança alimentar das famílias atingidas, além de 600 caixas d’água com capacidade para armazenamento em residências sem acesso ao abastecimento regular.
O pacote emergencial inclui ainda 33 mil copos de água potável e seis purificadores de água do projeto Água Boa, com capacidade para tratar e distribuir água limpa em comunidades isoladas.
Monitoramento
O Governo do Amazonas, por meio da Defesa Civil do Estado, informa que o monitoramento da cheia é contínuo e realizado pelo Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil, responsável por acompanhar os níveis dos rios ao longo de todo o ano.