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Rio tem 1.840 leitos vazios a poucos metros de pacientes que esperam vagas nos corredores

Instalações são de excelente qualidade em unidade hospitalares com toda a estrutura de imagem, laboratório e hotelaria fechados por falta de técnicos de enfermagem e enfermeiros

Falta de equipamentos impede abertura de vagas no Pedro Ernesto ...

Uma comissão de saúde esteve ontem (1) em quatro hospitais da capital para vistoriar os leitos impedidos – isto é, que não podem ser usados por falta de profissionais, insumos ou avarias. Em todas as unidades, o cenário se repete: leitos vazios, sem uso, enquanto milhares de pacientes aguardam em agonia para ocupá-los. De acordo com a comissão, há 1.840 nesta condição, distribuídos nos 27 grandes hospitais públicos e Coordenadorias de Emergência Regionais (CERs) da cidade. A denúncia foi levantada pelo jornal carioca O Globo.

O grupo é formado pelo deputado federal Pedro Paulo e o vereador Átila Alexandre Nunes, ambos do DEM-RJ, além do ex-secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz. O parlamentares afirmaram que vão fazer uma representação ao Ministério Público, acusando o prefeito Marcelo Crivella de improbidade administrativa.

No Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, segundo Soranz, o grupo encontrou 43 leitos que poderiam aliviar o sofrimento de pacientes que esperam em corredores e cadeiras nas salas amarela e vermelha da emergência vizinha, o CER Barra.

– É assustador ver 1.840 leitos de excelente qualidade em unidade hospitalares com toda a estrutura de imagem, laboratório e hotelaria fechados por falta de técnicos de enfermagem e enfermeiros. Muito leitos visitados têm equipamentos completos e até respiradores. Tudo parado, sem utilização, porque o foco da prefeitura e do estado são os hospitais de campanha temporários – afirmou.

Para o deputado federal Pedro Paulo, é grave a constatação de que uma possível solução para a fila de pacientes esteja dentro da própria rede

– É inconcebível que diante de pessoas à espera na fila aguardando uma vaga numa UTI, a gente tenha se deparado com tantos leitos ociosos, que poderiam estar funcionando atendendo à demanda.

Já Nunes viu com a ironia o fato de o prefeito Marcelo Crivella estar inaugurando o hospital de campanha do Riocentro, que prevê 500 leitos a um custo mensal de R$25 milhões e cuja obra custou R$10 milhões, enquanto milhares de leitos da cidade estão impedidos. Para o parlamentar, a situação mais crítica se encontra no Hospital municipal Ronaldo Gazzolla, pois a unidade foi a primeira escolhida para ser a referência da rede no tratamento de pacientes com Coronavírus.

– Fiquei com um sentimento de indignação muito grande. Pessoas estão morrendo por causa da incompetência e falta de capacidade de gestão da prefeitura. Enquanto o prefeito inaugurava 100 leitos num hospital de campanha, no mesmo momento vistoriávamos o Ronaldo Gazzolla, que tem 151 leitos impedidos de um total de 380. Há vários quartos em estado perfeito, em alguns era possível até reparar o barulho do oxigênio escapando dos equipamentos. Constatamos que os terceiro e quarto andares estão em plenas condições físicas, mas esvaziados. Por que não funcionam? – disse  Átila Nunes, lembrando que, pelos registros, o principal motivo do fechamento dos leitos é a falta de profissionais. – Em muitos casos faltavam apenas técnicos de enfermagem.

Por causa dessa situação, o vereador e o deputado federal Pedro Paulo (DEM) vão entrar com uma representação no Ministério Público denunciando improbidade administrativa do prefeito Marcelo Crivella.

– Abrir hospital de campanha deveria ser o último investimento. Primeiro o dever da prefeitura era abrir os leitos fechados para depois fazer hospital de campanha. Se ele estivesse construindo leitos extras após o esgotamento da rede, eu estaria aplaudindo. Mas não é o caso – afirmou Nunes.

A comissão visitou nesta sexta, além do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Zona Oeste, o Hospital Federal da Lagoa, na Zona Sul, o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, e o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte, referência para o tratamento de pacientes com Covid-19. Juntas, as unidades têm 394 leitos impedidos. De acordo com o grupo, a justificativa para a maior parte dos impedimentos é a falta de pessoal

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