
A seca recorde que atingiu o Amazonas pelo segundo ano consecutivo provocou uma disparada nos preços da cesta básica de alimentos em Manaus, tornando a capital amazonense a campeã de inflação de alimentos básicos entre oito grandes capitais brasileiras.
Entre outubro de 2023 e outubro de 2024, o custo médio da cesta de 22 produtos essenciais subiu impressionantes 27,7%, quase quatro vezes acima da inflação da alimentação no domicílio medida pelo IPCA, que foi de 7,28% no mesmo período.
Esse aumento colocou Manaus muito à frente de São Paulo (22,9%), Salvador (19,8%) e Brasília (19,5%) no ranking das maiores variações.
Apesar da alta expressiva, Manaus ocupa a quarta posição no valor médio da cesta básica, custando R$ 814,28 em outubro de 2024. O Rio de Janeiro lidera com a cesta mais cara, avaliada em R$ 1.009,11.
A principal razão para o aumento exorbitante dos preços em Manaus está na crise logística causada pela seca.
A queda acentuada no nível dos rios afetou o transporte fluvial, que é o principal meio de abastecimento da cidade. A maior parte dos alimentos consumidos em Manaus vem de outras regiões do Brasil, e a seca dificultou ainda mais o transporte desses produtos.
Para compensar os desafios operacionais, transportadoras passaram a cobrar a chamada “taxa de pouca água”, que elevou os custos logísticos em 18%, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus. Essa alta impactou diretamente os preços dos alimentos nas prateleiras dos supermercados.
Além disso, a produção local, já limitada, foi duramente afetada pela seca, reduzindo ainda mais a oferta de alimentos produzidos no próprio estado.
Os preços elevados geraram impactos diretos no comportamento dos consumidores.
Apesar de um aumento de 3,5% no faturamento dos supermercados entre janeiro e outubro de 2024, o volume de itens vendidos caiu 7% no mesmo período. Isso demonstra que as famílias estão gastando mais para levar menos produtos para casa.
O cenário identificado pelo estudo evidencia os desafios enfrentados pela população de Manaus, que paga caro pela dependência de alimentos vindos de outras regiões e sofre os efeitos de uma logística comprometida pelas condições climáticas extremas.
*Com informações do Estadão