A estiagem no Amazonas afeta a produção e causa escassez de legumes e hortaliças no Amazonas. Com a pouca oferta, os produtos ficam mais caros ao consumidor. A Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas) estima que 296 famílias de produtores foram afetadas com a seca severa no estado.
Melancia, abacaxi, chicória, pimenta de cheiro, pimenta murupi, pepino comum, limão, feijão de metro, macaxeira, abóbora ou jerimum e queijo são alguns produtos com pouca oferta nas feiras de Manaus.
“Esses produtos ainda não estão em falta, mas estão com pouca quantidade (no mercado)”, diz Muni Lourenço, presidente da Faea.
Os preços do queijo coalho, tucumã, castanha, chicória e pimenta murupi aumentaram 30%. Em feiras do Centro de Manaus, o maço da chicória é vendido entre R$ 2 e R$ 3. O preço normal é de R$ 1,50. O cará-roxo custa R$ 10 o quilo. O preço médio fora do período de seca é de R$ 7. O queijo coalho que custava R$ 23 o quilo, agora é vendido a R$ 32.
“O abacaxi já estava em alta com preço de R$ 7 a até R$ 10 a unidade. Atualmente, está entre R$ 10 e R$ 15. Outro produto que está em alta é o queijo coalho que estava entre R$ 23 e R$ 24 o quilo e hoje entre R$ 29 e R$ 30”, disse Lourenço. O aumento de preço do tucumã superou os 100%. Um quilo da polpa custa até R$ 130.
Muni Lourenço acrescenta que são produtos que tiveram queda na produção e na oferta devido à falta de chuva no estado. “A situação hoje vivenciada pelo setor rural é uma muito grave e séria em função dos reflexos negativos decorrente da seca severa”, diz Muni.
“Há uma diminuição da produção da oferta de produtos, frutas, verduras e hortaliças que vêm do campo. Alguns desses estão em período de entressafra, e aí você não tem como substituir essa produção, porque uma das características do setor rural é essa sazonalidade de culturas”, acrescenta Muni Lourenço.
Além de afetar diretamente o cultivo, a seca também dificulta o transporte de alimentos colhidos pelos produtores. O nível da água baixo nos rios inviabiliza a chegada dos produtos a Manaus.
“Você tem também um outro fator que se soma a esse momento, a questão da dificuldade logística, devido a questão dos níveis dos rios, da vazante e da dificuldade de escoamento da produção das comunidades rurais, dos municípios, pelos rios do estado do Amazonas”, diz o presidente da Faea.
“Mas é óbvio que, por exemplo, a Calha do Solimões está bastante prejudicada, a calha do Madeira, muito prejudicada. Então essas calhas vêm se destacando com mais dificuldade”.
Perdas e prejuízos
Segundo o Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas), as maiores perdas ocorrem nos cultivos de hortaliças, mandioca, cacau, feijão, milho, graviola, melancia, banana e abóbora (jerimum).
“Também observamos uma situação preocupante em algumas culturas permanentes, como a laranja, cuja floração do ano passado não vingou e, consequentemente, os frutos têm aparecido com menor frequência no mercado, causando preços elevados”, diz o Idam em nota.
Os municípios de Maraã, Lábrea, Beruri, Eirunepé, Guajará, Novo Airão e Urucurituba são os mais afetados. “Outra situação que tem comprometido o abastecimento por conta da estiagem é a logística, uma vez que o abastecimento dos mercados consumidores tem ocorrido, na maioria das situações, com dificuldades.
Esse é um fator que também tem comprometido o mercado e refletido nos preços dos alimentos”, afirma o Idam.