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Seca: com transporte de insumos até 50% mais caro, ZFM busca alternativas para evitar desabastecimento

Segundo Fieam, empresas que atuam na Zona Franca de Manaus (ZMF) já estão buscando formas de se adaptar a estiagem do momento e evitar que faltem produtos.

O setor industrial do Amazonas avalia já haver um aumento de aproximadamente 40% a 50% no custo do transporte de insumos e distribuição de produtos do Polo Industrial de Manaus, devido ao período de estiagem severa que vive o Amazonas e atinge o Rio Madeira.

A indústria amazonense está em um momento de intensificação da produção natalina, que começa no mês de setembro e se estende até dezembro, com distribuição para todo o país.

Segundo Nelson Azevedo, vice-presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), empresas que atuam na Zona Franca de Manaus (ZMF) já estão buscando formas de se adaptar ao momento para evitar o desabastecimento.

“Já está sendo analisada a possibilidade de mudança de tipo de transporte. Para tentar garantir a chegada da matéria prima, está sendo pensado a utilização de balsa com calado mais raso. Mas o impacto já está sendo sentido, eu diria que um impacto significativo chega perto de 30 a 40%”, disse.

O Centro de Indústrias do Amazonas (Cieam) também alerta que, com a seca, as embarcações precisam diminuir a velocidade de navegação, o que tem causado filas no Canal do Panamá.

Segundo Augusto César, coordenador da comissão logística do Cieam, o grande impacto desse período é o aumento do custo, que consequentemente é repassado ao consumidor.

“Esse ano o problema é um pouco maior que os outros anos, mas não tanto assim. As empresas se preparam, estocaram insumos, mas o aumento de custo aconteceu, o ideal era que não acontecesse“, comentou.

Além disso, o especialista deu a informação que há uma preocupação com os quatro primeiros meses de 2024, que é o período de recuperação do setor da vazante.

Se a seca intensificar ainda mais, Ele acredita que deveria haver um desdobramento que desse uma alternativa a esse problema.

“O que incomoda a todos é a falta de obras que eliminem esse problema a longo prazo. Se fossem feitas as obras necessárias na nossa região, esse problema poderia nem existir, que seriam a garantia de calados nas hidrovias do Amazonas, a recuperação da BR-319, então seriam investimentos na infraestrutura do Estado”, disse.

O Rio Madeira é um dos mais importantes para a navegação no estado e enfrenta a vazante. Segundo dados da Defesa Civil do Amazonas até o dia 20 de setembro, o afluente em  Humaitá está a apenas 1,26 m de atingir a marca histórica do município (8,33 m) e Nova Olinda do Norte atingiu o nível de 10,62 m – a apenas 3,32 m para atingir a menor cota já registrada (7,30 m).

A navegação nesse período fica prejudicada, colocando em risco as embarcações que podem ficar encalhadas em bancos de areia, principalmente em viagens noturnas quando a visibilidade fica menor.

Já há embarcações que estão reduzindo a quantidade de cargas transportados para evitar os incidentes.

O presidente da Fieam afirmou que todo o setor está preocupado com as consequências que essa vazante pode trazer para a industria.

“O estado do Amazonas e as comunidades locais estão cada vez enfrentando mais desafios relacionados às mudanças climáticas. Precisamos trabalhar em alternativas logísticas para suprir essas questões da natureza que não podemos enfrentar”, disse.

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