Segundo o último Relatório Focus do Banco Central, a taxa Selic deve atingir 15% ao ano, encarecendo os financiamentos imobiliários e afastando compradores.

O mercado imobiliário de Manaus fechou 2024 com forte crescimento, mas 2025 já começa com desafios que podem frear o setor.
A principal preocupação vem da taxa Selic, que, segundo o último Relatório Focus do Banco Central, deve atingir 15% ao ano, encarecendo os financiamentos imobiliários e afastando compradores.
Além disso, a inflação medida pelo IPCA deve chegar a 5,58%, reduzindo o poder de compra da população e dificultando o acesso à casa própria, especialmente no segmento popular.
O presidente da Associação do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM) , Henrique Medina, alerta:
“A Selic em patamares elevados impacta diretamente os financiamentos imobiliários. Com os bancos aumentando os juros, o custo das parcelas sobe, dificultando o acesso ao crédito e reduzindo o número de compradores”, afirmou o presidente da Ademi-AM.
A Selic elevada também afasta investidores e pode desacelerar os lançamentos imobiliários.
Isso ocorre porque o financiamento para construtoras e incorporadoras se torna mais caro, aumentando os custos dos projetos e elevando os preços dos imóveis.
Inflação e custos da construção seguem em alta
Outro fator preocupante para o setor é o aumento dos custos da construção civil, impulsionado pela inflação dos insumos.
O IGP-M, principal índice usado para reajuste de contratos imobiliários, tem projeção de 5,03% para 2025, o que deve pressionar ainda mais o preço dos imóveis.
“Os custos dos insumos da construção civil também subiram, o que pressiona os preços dos imóveis e pode desacelerar os lançamentos em 2025. Esse impacto é sentido em todo o Brasil, não só em Manaus”, complementa Medina.
Além disso, a inflação geral da economia compromete a renda das famílias, dificultando o pagamento das parcelas de financiamentos.
“A alta da inflação está reduzindo a renda das famílias, principalmente as que ganham até 8 salários mínimos e fazem parte do público-alvo do Minha Casa, Minha Vida. Com os aumentos nos preços de alimentos e transporte, sobra menos dinheiro no orçamento para a compra de um imóvel”, explica Henrique Medina.
Mesmo com incertezas econômicas, os programas habitacionais seguem essenciais, o Minha Casa, Minha Vida oferece juros reduzidos e subsídios de até R$ 55 mil, e o Amazonas Meu Lar concede cheques de até R$ 35 mil, facilitando o acesso à casa própria.
Cenário fiscal pode comprometer investimentos
A dívida líquida do setor público, projetada em 66% do PIB, e o resultado primário negativo em -0,90%, indicam um cenário fiscal desafiador para 2025.
Isso pode afetar investimentos governamentais em infraestrutura e programas habitacionais, reduzindo o fôlego do setor imobiliário.
Medina alerta que, sem um cenário econômico mais favorável, o setor pode enfrentar retração, especialmente no segmento de imóveis convencionais e de médio padrão.