
No ano em que completa 58 anos de existência, a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) quer modernizar seus sistemas de gestão para competir com mercados de outros países e garantir uma destinação produtiva a suas terras, algumas ocupadas por invasões.
“O problema da sistematização da gestão da Suframa e o problema das terras são o foco deste ano. Vamos resolver ou adiantar muito o problema das terras da Suframa, tanto no Distrito Industrial I e II quanto no Distrito Agropecuário”, afirmou o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, em entrevista a jornalistas do G6.
O Distrito Agropecuário da Suframa, localizado ao norte de Manaus, dispõe de grandes áreas destinadas a projetos agropecuários e agroindustriais. O Distrito I e o Distrito II, na zona leste da capital amazonense, tem áreas que foram abandonadas por empresas.
“Estamos trabalhando na regularização. Empresas foram abandonando e pessoas foram assumindo aquelas áreas, invadindo, entrando, produzindo. O nosso desafio é regularizar a situação dessas pessoas para que a gente possa estabelecer regularmente a agricultura familiar”, disse Bosco.
“Muita coisa lá é produzida por famílias que estão instalada há 30 anos. O que a gente tem que fazer? Chegar lá e retirar essas pessoas? Não. Temos que estabelecer uma política que possa regularizar a terra deles”, completou o superintendente.
Com uma área total de 589.334 hectares pertencentes às cidades de Manaus e Rio Preto da Eva, o Distrito Agropecuário da Suframa tem propriedades cultivadas por famílias para consumo próprio, com culturas diversificadas de subsistência.
Também tem empreendimentos de médio e grande porte, produzindo de forma empresarial, com grandes áreas plantadas e utilização de equipamentos de fertilização do solo, pulverização, colheita, lavagem do produto e acondicionamento para comercialização.
De acordo com Bosco, o Distrito Agropecuário foi criado em uma época em que não havia o desenvolvimento do setor no estado. A ideia era que as empresas beneficiadas com os incentivos fiscais da ZFM criassem projetos para desenvolver a região. Com o tempo, as áreas foram abandonadas.
“Não tinha nada, era empírico. Cada empresa que se instalava no Polo Industrial de Manaus era obrigada a ter um projeto agropecuário. Por isso que todas elas tinham”, afirmou Bosco.
“Com o tempo, essa política foi abandonada. Algumas se mantiveram. Hoje todas abandonaram. Outros investidores persistiram resilientes e desenvolveram algumas culturas juntamente com a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]”, completou Bosco.
O superintendente afirmou que, no município de Rio Preto da Eva, há plantio de café e laranja. O café é vendido para uma empresa reconhecida nacionalmente.
“Adaptaram a região de Rio Preto da Eva. Café, laranja, que estão efetivamente adaptadas. Eu me surpreendi com os cafezais que têm montado lá, que vendem para a Três Corações. Se a Três Corações compra é porque é de alta qualidade”, afirmou Bosco.
Ao falar sobre a ideia de destinar as áreas para algo produtivo, o superintendente disse que uma fábrica será instalada em Rio Preto da Eva para produção de suco de laranja.
“O ex-prefeito Anderson destinou uma área para implantação de agroindústria, 30 lotes. A área está reservada e nós vamos inaugurar o Distrito de Agroindústria lá para pagar de oferecer laranja no saco para de vender na praia, para processar a laranja lá, fazer o suco, gerar emprego lá, no polo de agroindústria”, disse Bosco.
Modernização
Ainda conforme Bosco, após o “temporal” no governo Bolsonaro, a Suframa volta a ganhar força e foca na modernização de seus sistemas de gestão.
“A Suframa caminha para a modernização tecnológica. Nós só vamos competir com o México e com a Índia se a gente evoluir tecnologicamente. Essa é a nossa briga”, disse Bosco. “Em novembro do ano passado, nós conseguimos fazer o contrato com a nova fábrica de softwares porque a empresa que estava lá nunca entregava”, completou.
“Havia programas que tinha cinco anos, passando cada semestre sem entregar. E é preciso que a Suframa continue e se modernize neste sentido, que seus sistemas de gestão sejam modernos para que a gente possa estar olhando permanentemente quais são os números da economia nos outros países concorrentes”, afirmou Bosco Saraiva.
O superintendente disse que montou uma equipe com 70 servidores, incluindo economistas, engenheiros e administradores, para atrair novos investidores. “Esse grupo entendeu o atual espírito, perdeu o medo. Havia um receio de dar informações, de receber informações de fora, porque foi um período de terror dentro da Suframa”, disse Bosco.