
Referência em operações logísticas na Amazônia, a empresa Super Terminais pediu à Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) autorização para operar um píer flutuante voltado para o transbordo de grãos em Itacoatiara (município a 175 quilômetros de Manaus).
Os setores técnicos da agência se manifestaram favoráveis ao projeto, mas recomendaram a abertura de anúncio público para verificar se há outras empresas interessadas em instalar estrutura semelhante na região. A decisão ficará a cargo da Gerência de Outorgas de Autorização da Antaq.
O modelo de terminal portuário proposto pela Super Terminais é similar ao utilizado para operações emergenciais de contêineres na seca de 2024: um píer flutuante de 240 metros de extensão e três guindastes. O píer será fixado no meio do rio, no mesmo local do porto provisório.
O “Super Terminais Itacoatiara” ou “Porto Verde” será usado especificamente para “operações de transbordo de granéis sólidos” entre navios graneleiros e barcaças, sem a necessidade de armazenagem das cargas. A Super Terminais estima movimentar 2,5 toneladas por hora de grãos.
A proposta prevê exclusivamente operações de transbordo de granéis sólidos entre navios graneleiros e barcaças, sem armazenagem. A estimativa é movimentar 2,5 toneladas por hora de grãos. O investimento anunciado é de R$ 126 milhões.

“A nova instalação portuária planejada pela Requerente [Super Terminais] tem como principal objetivo impulsionar as exportações de granéis do arco norte, revolucionando as operações tradicionais e aumentando a eficiência”, diz a empresa, no pedido enviado à Antaq.
Seca
O modelo de porto flutuante foi considerado estratégico para o transporte de insumos do PIM (Polo Industrial de Manaus) na estiagem no ano passado. O Rio Amazonas atingiu níveis críticos e os navios cargueiros procedentes do Oceano Atlântico não puderam navegar até Manaus.
Em Itacoatiara, as cargas eram transferidas para barcaças (e vice-versa), que seguiam até o destino, sem interromper as atividades industriais do estado, concentradas na capital. Os desafios obrigaram o setor logístico no Amazonas a se adaptar.
Com o crescimento do uso barcaças, as empresas do setor naval aumentaram a produção de embarcações de menor calado, que são capazes de operar mesmo com níveis reduzidos dos rios. Em janeiro deste ano, as companhias tiveram aumento de 405% no faturamento.
Rota da exportação
Ao propor a construção de novo porto, a Super Terminais afirmou que pretende “proporcionar novas
alternativas de escoamento de cargas no país”. O transporte hidroviário na região amazônica tem se tornado cada vez mais forte por ser mais barato que o rodoviário.
Além da questão econômica, Itacoatiara está no arco norte, uma rota de exportação de grãos do centro-oeste brasileiro. O município já tem portos capazes de receber cargas de navios de grande porte, que chegam ao Oceano Atlântico através do Rio Amazonas.
Há muitos anos, a empresa Amaggi (Grupo André Maggi), que é proprietária do Porto da Hermasa, realiza o embarque e desembarque de produtos, especialmente grãos, que são transportados de Mato Grosso a Itacoatiara pelo Rio Madeira.
A empresa Terminais Fluviais do Brasil também opera em Itacoatiara e movimentou cerca de 3 milhões de toneladas de cargas, incluindo grãos, em 2023. Apesar da queda na movimentação devido a seca extrema, o terminal continua sendo uma importante infraestrutura logística na região.