O encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, na próxima quarta-feira (20), representa um aprofundamento ainda maior das relações entre Brasil e China, e pode ser o começo de um maior distanciamento de Brasília em relação a Washington — sobretudo por causa da chegada de Donald Trump à Casa Branca.
De acordo com o Palácio do Planalto e o Ministério das Relações Exteriores, a reunião bilateral entre os dois líderes representa uma mudança de patamar que há tempos vem sendo construída pelas diplomacias brasileira e chinesa.
“Nesta visita, haverá a confirmação da elevação do patamar político internacional e a consolidação da confiança política mútua e de convergência entre os dois países sobre um leque variado de assuntos”, reconheceu o secretário de Ásia e Pacífico do MRE, embaixador Eduardo Saboia.
A reunião de Lula com Xi Jinping mobiliza o governo desde maio e é a visita de chefe de Estado mais aguardada. Segundo a diplomacia brasileira, serão assinados acordos nas áreas de finanças, infraestrutura, cadeias produtivas, transformação ecológica e tecnologia. No pacote, estão ainda as rotas de integração sul-americana, projeto brasileiro que visa conectar os países do continente.
Parceria
A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Entre janeiro e outubro de 2024, o fluxo de negócios foi de US$ 136,3 bilhões, sendo US$ 83,4 bilhões em exportações e US$ 52,9 bilhões em importações — um superavit de US$ 30,4 bilhões a favor do Brasil.
Os itens brasileiros comprados pela China são principalmente soja, óleos brutos de petróleo e minério de ferro, enquanto os mais importados do país asiático são componentes eletrônicos, veículos e equipamentos de telecomunicação. Desde 2004, quando Lula visitou a China pela primeira vez, o comércio entre os países cresceu mais de 17 vezes.
É a segunda vez que Xi Jinping vem a Brasília. A primeira foi em 2014, quando foi recebido pela então presidente Dilma Rousseff. À época, os países assinaram 15 acordos governamentais e 32 empresariais, incluindo áreas como energias renováveis, automóveis, agronegócio, tecnologia da informação, crédito verde, saúde e infraestrutura.
Agora, segundo Saboia, “haverá anúncio de atos bilaterais, memorandos de entendimento nas áreas de agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, finanças, ciência e tecnologia”. Ele não adiantou quantos atos serão assinados.