
A falta de um cultivo do fruto de maneira organizada, investimento e tecnologia moderna empregada para o plantio pode impactar diretamente num dos símbolos dos amazonenses, e porque não dizer, produto tipo exportação: o X-Caboquinho.
Proprietários de barracas de café da manhã são alguns dos principais afetados pela falta. Uma das principais iguarias da região, o X-Caboquinho vem sumindo do cardápio.
“Hoje não teve. Esperamos pela entrega até às 8h. As vezes temos que pegar em outra banca aqui perto para não perder os clientes”, lamenta Lais Souza, 19 anos, atendente da banca de café da manhã, na avenida que dá acesso a Ponte Rio Negro.
Ela recebe de 40 a 50 clientes por dia, número que dobra nos finais de semana. A maior parte pede o X-Caboquinho, que em média consome 4 kg de tucumã/dia.

“Venho sempre aqui. Trabalho aqui perto e aproveito para tomar café. É a segunda vez que não encontro. Tenho notado que anda sumido porque em outros lugares que vou as pessoas procuram e não tem”, diz o engenheiro Hugo Ferreira, de 30 anos.
Escassez
A feirante Rizane Reis, pagou R$ 500 por 270 tucumãs. A saca está saindo até por R$ 1,5 mil nos barcos que chegam do interior do estado no porto da Manaus Moderna. Isso porque ela conhece o fornecedor e garantiu o produto.
Colega de feira de Rizane, Glaucimara, conta que dia desses recebeu uma oferta tão tentadora pelos tucumãs que tinha comprado que aceitou e revendeu na hora. “Tinha comprado meio saca por R$ 400 e vendi por R$ 700. Já tinha me comprometido com outra pessoa, mas devido a insistência e o pagamento na hora , não tive como não aceitar”, conta.
Estiagem
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas, a estiagem severa do ano passado afetou a safra colhida a partir de outubro. A baixa produção tem provocado a atual falta do produto nas feitas e locais que servem café da manhã em Manaus e na alta do preço.
Atualmente em torno de 20 municípios fornecem tucumãs para a capital amazonense. O fruto é colhido nas árvores nativas por agricultores não havendo o plantio.
O produto é tão importante para os amazonenses a tal ponto que tramita uma proposta de lei para transformá-lo em Patrimônio Cultural do Amazonas, na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam).