A possível retirada da desoneração tributária sobre combustíveis ameaça encarecer ainda mais o custo de vida na Zona Franca de Manaus.
Segundo estimativas da Refina Brasil, que monitora o setor, o fim da isenção pode elevar os preços dos combustíveis na região em até 20%, agravando um cenário já desafiador devido aos altos custos logísticos.
Combustíveis mais caros e impactos diretos
Atualmente, os combustíveis na Amazônia têm preços superiores à média nacional, principalmente devido ao custo logístico de transporte, que envolve longas distâncias, embarcações e caminhões enfrentando condições adversas. Sem a desoneração, essa diferença, que é parcialmente amortecida, pode disparar, afetando motoristas e toda a cadeia produtiva.
Aumento nos custos de transporte impacta diretamente o preço dos produtos consumidos pela população, além de setores estratégicos como o transporte público e o turismo.
“A alta no preço do diesel, essencial para o transporte coletivo, pode levar ao repasse dos custos para os usuários. Já o turismo, um pilar econômico local, corre o risco de ser prejudicado por pacotes mais caros, afastando visitantes e diminuindo a geração de empregos na região”, alerta a Refina Brasil.
Alta histórica e reações locais
Dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Combustíveis (ABICOM) revelam que, na última década, a Amazônia registrou um aumento de até 35% nos custos logísticos por tonelada transportada, valor superior à média nacional.
O fim da desoneração pode agravar ainda mais essa situação, colocando em xeque a sustentabilidade econômica da região.
Sindicatos, associações comerciais e lideranças empresariais têm pressionado o governo federal para reconsiderar a retirada da desoneração.
Eles argumentam que a Zona Franca de Manaus desempenha um papel estratégico para a economia e para a preservação ambiental, e que a isenção tributária é essencial para garantir sua competitividade.
Alternativas para reduzir impactos
Entre as sugestões apresentadas está a criação de um modelo progressivo para a redução dos incentivos, acompanhado de investimentos robustos em infraestrutura. Melhorias em rodovias, portos e hidrovias poderiam ajudar a diminuir os custos logísticos e compensar parte do impacto causado pela alta nos preços dos combustíveis.
Enquanto o governo federal analisa a proposta de fim da desoneração, empresários e consumidores da região aguardam os desdobramentos com preocupação.
Além de ameaçar o equilíbrio econômico da Zona Franca, a medida coloca em risco a manutenção de empregos, arrecadação e a viabilidade de um modelo que tem sido crucial para o desenvolvimento sustentável do Amazonas.