Uma série de estratégias da Prefeitura de Manaus está fortalecendo a vigilância contra o sarampo para impedir que a doença volte a ser registrada na cidade, mesmo sem a confirmação de novos casos desde 2021.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) alerta que a baixa cobertura vacinal de crianças gera preocupação, devido à maior suscetibilidade desse público às formas graves da doença.
Em Manaus, a cobertura vacinal contra o sarampo ficou em 64,90% no primeiro semestre deste ano, mas a meta é imunizar 95% do público infantil de até 1 ano, 11 meses e 29 dias de idade.
A população estimada era de 18.966 crianças, mas só 12.309 foram levadas aos postos de vacinação para receberem a primeira dose.
“O sarampo é uma doença altamente transmissível e perigosa, e afeta principalmente as crianças menores de 5 anos de idade. Uma das complicações da doença é a pneumonia, mas também há outros quadros graves que podem levar à morte”, explica a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe.
Shádia informa que os sintomas da doença também são muito desconfortáveis para as crianças, sendo os três principais:
- febre,
- exantema (manchas vermelhas na pele)
- tosse/coriza/conjuntivite.
As manchas vermelhas podem ser confundidas com uma reação alérgica, segundo a secretária, e por isso é essencial uma avaliação médica nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Vacinação
A gerente de Imunização da Semsa, enfermeira Isabel Hernandez, conta que a Tríplice Viral é a vacina usada contra o sarampo, e também protege contra rubéola e caxumba.
O Ministério da Saúde preconiza que todas as pessoas de até 29 anos de idade tenham comprovação de duas doses, e até 59 anos de idade, uma dose.
A enfermeira ressalta que as crianças que já completaram seis meses de vida podem ser vacinadas com uma dose de proteção contra o sarampo, chamada de “dose zero”.
O imunizante pode ser encontrado em todas as 171 salas de vacina da Semsa, cujos endereços e horários podem ser conferidos no link bit.ly/salasdevacinamanaus.
Vigilância
A diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador da Semsa, enfermeira Marinélia Ferreira, explica que uma série de ações é iniciada para o controle do sarampo a partir do momento em que o profissional da UBS notifica um caso suspeito.
Segundo Marinélia, todo o trajeto que a pessoa com suspeita da doença percorreu no período de transmissão, seja escola, trabalho, casas de parentes, é resgatado para investigação de possíveis casos secundários.
O bloqueio vacinal pode ser feito em até 72 horas a partir do contato, mas quando passa desse período oportuno, é chamada intensificação vacinal.
A Semsa também realiza a “Semana Negativa”, quando todo estabelecimento de saúde, uma vez na semana, sinaliza para o seu Distrito de Saúde (Disa) se houve atendimento a algum caso que atende à definição de suspeita de sarampo.
Esse é um dos 12 indicadores avaliados pelo Ministério da Saúde sobre a qualidade da vigilância em relação ao agravo do sarampo.
A secretaria também desenvolve ações da “Busca Ativa Retrospectiva”, com apoio da Diretoria de Inteligência de Dados (DID).
A estratégia consiste em um cruzamento de dados do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) em busca de usuários das UBSs que apresentavam sinais e sintomas de sarampo, e que por algum motivo passou despercebida.
A “Busca Ativa Retrospectiva” foi realizada em 262 unidades de saúde, estaduais e municipais, de 28 de março e 12 de abril de 2022, quando foram pesquisados 338.475 prontuários.
Desse total, 235.397 não possuíam critérios para revisão e 103.078 foram revisados.
Apenas um paciente apresentou critérios que atendem a definição de caso para sarampo. O caso foi investigado e foram realizadas as ações de controle e prevenção. Uma nova busca ativa retrospectiva deverá ser feita ainda neste mês de outubro.
Casos
Neste ano, 51 casos suspeitos de sarampo foram notificados em Manaus, sendo 50 já descartados e um sob investigação.
O Brasil registra, neste ano, 44 casos confirmados de sarampo, com os Estados de São Paulo e Amapá mantendo atualmente surto ativo da doença.
Em 2016, o país havia recebido o certificado de eliminação do sarampo, concedido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas o status foi perdido em 2019, após reintrodução do vírus e confirmação de novos casos.
O Estado do Amazonas se manteve por 17 anos sem casos positivos de sarampo, mas sofreu com surto da doença em 2018, quando foram confirmados 8.791 casos.
A epidemia da doença afetou todo o país na época, devido à baixa cobertura vacinal da população e aumento no fluxo migratório.
Em 2019, o Estado confirmou quatro casos e no ano seguinte, sete casos. Desde 2021, não há casos confirmados da doença no Amazonas, de acordo com dados do Ministério da Saúde.