O ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Walter Braga Netto se manifestaram, ontem, contra a Operação da Polícia Federal — que indiciou os envolvidos numa tentativa de golpe de Estado. Em live, o ex-chefe do Planalto chamou o inquérito de “chifre em cabeça de cavalo” e afirmou que as prisões de militares, os chamados “kids pretos”, foram injustas.
Na semana passada, foram presos o general da reserva Mário Fernandes, e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, integrantes dos kids pretos. O policial federal Wladimir Matos Soares também foi detido.
A operação foi embasada nos arquivos que foram deletados do computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid e também do general Mário Fernandes, ex-assessor do ex-presidente.
Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas, a maioria militares, foram indiciados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Na live, o ex-presidente criticou a prisão dos quatro militares envolvidos na trama.
“Golpe agora não se dá mais com tanque; agora, se dá com táxi. E parece que o sequestro não saiu porque não tinha táxi na hora. É uma piada essa PF do Alexandre de Moraes”, disse Bolsonaro, que está em São Miguel dos Milagres (AL) e andou pelas ruas da cidade ontem. “Esses que estão sendo presos injustamente agora, de forma preventiva (…). Não encontra um só respaldo da lei que fala da preventiva para prender esses quatro oficiais”, completou.
Braga Netto, que foi vice na chapa de Bolsonaro de 2022, comentou o caso por meio das redes sociais. Ele rechaçou a acusação de querer retomar o comando do país após a derrota nas eleições presidenciais e disse que “nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar alguém”. O pronunciamento foi acompanhado de uma nota de seus advogados.
O texto repudia o que chamou de “criação de uma tese fantasiosa e absurda em parte da imprensa de que haveria um golpe dentro do golpe”. A menção se deve à possibilidade levantada de que Braga Netto poderia tentar atuar para também derrubar Bolsonaro do poder e assumir a Presidência posteriormente.
A defesa afirma que, ao longo de sua trajetória, o ex-ministro “sempre primou pela correção ética e moral na busca de soluções legais e constitucionais”. Os advogados citaram “lealdade” por parte do general.
“Durante o governo passado (Braga Netto) foi um dos poucos, entre civis e militares, que manteve a lealdade ao presidente Bolsonaro até o final do governo, em dezembro de 2022 e a mantém até os dias atuais, por crença nos mesmos valores e princípios inegociáveis”, diz.