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Máfia dos Peixes:Celsinho da Compensa é executado e pode ter relação com mortes no Javari

Esquema ilegal que atua no Vale do Javari teria sido denunciado pelo indigenista da Funai e provocado prejuízo financeiro na organização criminosa, segundo mostram investigações e documentos

Afonso Celso Caldas Júnior, conhecido como Celsinho da Compensa, foi morto nesta quarta-feira (15), na cidade de Letícia, na Colômbia na divisa com Tabatinga, na fronteira com o Brasil. Ele era lider da extinta organização criminosa Família do Norte (FDN) e que agora estaria na filial do Comando Vermelho no Amazonas.

Celsinho da Compensa

O traficante estava em uma bar da cidade colombiana quando foi assassinado. Ele chegou a ser preso em 2015 durante Operação La Muralla, desencadeada pela Polícia Federal. A morte do traficante ocorre no mesmo dia em que foram encontrados os restos mortais dos indigenista Bruno e o jornalista inglês Dom Phillips e será investigada.

Não é descartada a relação entre os assassinatos do indigenista, jornalista e do traficante, apontado com coordenador da Máfia dos Peixes, um esquema criminoso que opera em rios da região de Atalaia do Norte, no Vale do Javari.

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A máfia teria caráter internacional com atuação no Brasil, Peru e Colômbia, os três países localizados na tríplice fronteira, rota de entrada do narcotráfico e de outros ilícitos do crime organizado que operam naquela região.

Os controladores do esquema ilegal fomentam a atividade pesqueira irregular nos rios e lagos da reserva Indígena no Vale do Javari, demarcada, protegida e que só permite acesso autorizado pela Funai.

O primeiro a levantar a hipótese do sumiço de Dom e Bruno estar relacionado a Máfia dos Peixes é o prefeito de Atalaia do Norte, Denis Paiva. “O motivo do crime é uma briga pessoal pela fiscalização da pesca”, afirma, sem entrar em detalhes.

Momento em que a polícia chega ao local do crime em Letícia

Bruno fiscalizava a pesca ilegal na região e chegou a apreender equipamentos de pesacadores ilegais. Isso gerou insatisfação e prejuízo financeiro. Ciente do perigo, ele andava armado.

Tríplice fronteira

Uma pesquisa realizada em 2013 na tríplice fronteira de Brasil, Peru e Colômbia, onde fica o Vale do Javari, revelou que pelo menos 278 toneladas de caça ilegal são comercializados por ano nas cidades brasileiras de Benjamin Constant e Tabatinga, na colombiana Letícia e na peruana Caballococha.

O estudo revelou que 78% de toda a carne animal que circula na região é proveniente de bichos brasileiros mortos de maneira ilegal, uma vez que a caça e a pesca são apenas permitidos para subsistência dos indígenas.

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