Estudo apontou que transição para uma última fase da pandemia acontece mais cedo em Manaus, devido redução drástica na velocidade de mortes na cidade.
Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) afirma que Manaus será a primeira cidade do Brasil a vencer o combate contra o novo coronavírus e não terá uma segunda onda de casos graves e mortes. Os dados foram divulgados no 10º Boletim Atlas ODS Amazonas edição de maio elaborado pelo pesquisador José Henrique dos Santos que coordena os estudos.
O estudo que tem como título: “De Epicentro a Redenção”, mesmo com a reabertura do comércio no dia 1º de junho, Manaus não terá uma explosão de casos.
De acordo com a pesquisa, a transição para uma última fase da pandemia está acontecendo mais cedo na capital do Amazonas do que em outros epicentros do país, pois os dados projetam uma redução drástica na velocidade de mortes na cidade, após população passar por interação massiva com a Covid-19.
Na avaliação do pesquisador, mesmo com o número expressivo de novos casos (uma média superior a mil por dia), a curva de óbitos vem caindo gradativamente e deve se estabilizar por volta do dia 17 de junho.
De acordo com os pesquisadores da Ufam, após provocar alta letalidade, o vírus acabou evoluindo, apresentando nos hospedeiros (pessoas) sintomas mais brandos de formar de continuar reproduzindo e infectando mais pessoas, mas agora de forma menos letal. Isso justifica também a drástica redução no número de novas internações nos hospitais
O fenômeno de diminuição da velocidade de mortes em Manaus se deu devido à um processo chamado de “trade-off” de transmissão do vírus. O processo aconteceu devido a interação massiva da população hospedeira com a Covid-19, de acordo com o levantamento feito na décima edição do Atlas ODS.
Para a última fase da pandemia, que Manaus está próxima de viver, segundo o professor Henrique dos Santos Pereira, a estimativa é de que haja uma redução lenta na velocidade de casos do novo coronavírus, enquanto a mortalidade deverá ter uma redução drástica e chegar a quase zero.
“A gente não sabe se isso será o fim. Então, a gente acha que a transmissão da doença deverá perder velocidade, pelo menos até que novas estirpes do vírus surjam, mutações, formas mais virulentas que reiniciem o processo de contágio, ou haja o aumento da população suscetível, caso a imunidade seja temporária”, explicou o professor.
“Imunidade “
Ainda na décima edição do boletim do projeto Atlas ODS Amazonas, sobre o novo coronavírus, os pesquisadores descartaram a possibilidade da população ter sido suscetível a uma “imunidade de rebanho”. Conforme o professor Henrique dos Santos Pereira, a “imunidade de rebanho” acontece por vacinação. Como não há vacina para a Covid-19, não há como afirmar que a população de Manaus tenha adquirido esse tipo de imunidade.
“Manaus interagiu de maneira intensa com o vírus que era uma mistura de vírus mais virulentos, com menos chance de transmissão e menos virulentos, com maior chance de transmissão. Com o tempo, a frequência de vírus menos virulentos na população se tornou a dominante. Mais pessoas vão adoecendo, pois o vírus é muito eficiente em ser transmitido, mas não de formas graves da doença. Nada a ver com ‘imunidade de rebanho’, mas sim com um processo ecológico chamado de ‘trade-offs co evolutivos'”, explicou o professor.
Com a recente queda nos números, o Governo do Amazonas já optou pela reabertura gradual do comércio, que teve início no dia 1º de junho. Na segunda-feira (15), será iniciado o segundo ciclo de reabertura do comércio. Especialistas alertam que a reabertura precoce pode causar um novo surto de infectados.