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Rio Abacaxis: veja policiais indiciados no Amazonas pelo massacre

Investigação sobre abusos e torturas no decorrer da Operação ‘Lei e Ordem’ aponta ligação de policiais militares com ‘milícia privada’ que, em agosto de 2020, promoveu série de ações violentas na região.

A Polícia Federal informou concluiu as investigações do massacre do rio Abacaxis, que deixou oito mortos nas cidades de Borba e Nova Olinda do Norte, no Amazonas, em agosto de 2020.

Foram indiciados pela Polícia Federal:

Veja abaixo quem foram os indiciados:

Secretário de Segurança Pública à época e coronel da reserva:

  • Louismar de Matos Bonates

Comandante-geral da Polícia Militar e coronel da reserva:

  • Ayrton Ferreira do Norte

Capitães:

  • Aldo Ramos da Silva Júnior
  • Thiago Dantas Pinto

Tenente:

  • Pompilio Henrique de Lima

Sub-tenente

  • Ezio Ranger Peres Pimentel

Sargentos:

  • Josias Seixas de Brito
  • Valdemir Pereira Junior
  • Getulio Vargas Filho
  • Pedro Alex da Silva Balieiro

Cabos:

  • Jefferson Diogenes Castro de Souza
  • Paulo Henrique Reis da Costa
  • Jackson de Sousa Machado

De acordo com a Polícia Federal, os indiciados vão responder por homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, destruição, subtração ou ocultação de cadáver, vilipêndio a cadáver, constituição de milícia privada, fraude processual e tortura.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que tem colaborado com as investigações desde o início, com o objetivo de esclarecer as circunstâncias do ocorrido. Ressaltou ainda que a conclusão do inquérito é parte desse processo e reforçou que seguirá apoiando as autoridades para que a justiça prevaleça.

O policial militar Thiago Dantas Pinto afirmou que ainda não foi intimado formalmente, mas já teve conhecimento da citação de seu nome no inquérito. Ele destacou que sua equipe não participou da operação — que contou com 124 agentes — e disse que não poderia se manifestar sobre o caso por falta de autorização da defesa.

O que aconteceu


Oito indígenas e ribeirinhos foram mortos no massacre, que ocorreu na região do rio Abacaxis. Os assassinatos aconteceram durante uma operação da Polícia Militar do Amazonas, deflagrada após o homicídio de dois policiais.

Em abril de 2023, o ex-secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, e o coronel da Polícia Militar, Airton Norte, foram indiciados pelos agentes federais por envolvimento na chacina.

À época, Bonates era o secretário de Segurança Pública do Amazonas, quando os policiais militares fizeram a operação com mais de 50 homens na região de Nova Olinda do Norte.

A investigação da Polícia Federal concluiu que a tropa, sob o comando do coronel Norte, invadiu casas sem ordem judicial, torturou moradores e assassinou cinco pessoas, entre indígenas e ribeirinhos, na região do Rio Abacaxis.

O grupo também seria responsável pelo desaparecimento de outras duas pessoas. Segundo a investigação, os corpos foram jogados no Rio Abacaxis, que corta o município.

Ainda em junho do ano passado, a Polícia Federal fez uma operação em Nova Olinda do Norte para cumprir mandados contra envolvidos no “Massacre do Rio Abacaxis”. Um hotel, usado por policiais militares para torturar uma das vítimas, e uma casa, que pertencem ao mesmo empresário, foram alvos dos agentes.

O caso

Em julho de 2020, o então secretário executivo do Governo do Amazonas, Saulo Rezende Costa, foi baleado no braço após tentar entrar com uma lancha particular em uma área proibida para pesca esportiva, em Nova Olinda do Norte.

Dias depois, quatro policiais militares à paisana foram até o local na mesma lancha para prender os atiradores. Houve confronto e dois policiais morreram.

Na época, o Governo do Amazonas anunciou uma grande operação na região. Bonates e Norte foram a Nova Olinda do Norte com o objetivo de desarticular a quadrilha que aterrorizava os moradores.

Ao menos cem famílias de onze comunidades relataram ter sofrido tortura para revelar o paradeiro dos assassinos dos policiais.

Os investigados foram indiciados pelos crimes de homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, destruição, subtração ou ocultação de cadáver, vilipêndio a cadáver, constituição de milícia privada, fraude processual e tortura.

Segundo a PF, duas autoridades comandavam as violações de direitos humanos. A investigação aponta que elas dificultaram que agentes públicos de outras instituições acompanhassem o caso, garantindo que os executores não fossem investigados ou punidos.

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