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Policiais usaram Secretaria de Inteligência do AM para extorquir e desviar ouro

‘Garimpo Urbano ‘ A operação investiga o envolvimento de agentes de segurança no desvio de cargas de ouro, obtidas durante abordagem aos transportadores.

Servidores Adriano José Frizo, Jarday Bello Vieira e André Silva da Costa foram exonerados por envolvimento

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) fez uma denúncia à Justiça em que aponta que a Secretaria de Inteligência (Seai), da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), foi sede para extorsões em casos de desvio de cargas irregulares de ouro, em Manaus.

As ações de policiais corruptos foram captadas em imagens de câmera de segurança da SSP, durante abordagem a um empresário. Imagens de câmeras de segurança do Aeroclube de Manaus, do dia 22 de fevereiro, mostram um policial ao entrar no saguão às 5h51. Minutos depois, uma picape com outros policiais chega no estacionamento.

Imagens de câmeras de segurança do Aeroclube de Manaus

De acordo com o Ministério Público, o grupo aborda o empresário Wagner Flexa, que está na pista, dentro de seu jato particular com 7 kg de ouro. Os policiais levam o empresário para a Secretaria de Inteligência do Governo do Amazonas.

O empresário contou à polícia que é garimpeiro no Pará e que foi abordado por quatro homens armados dentro do seu avião. Depois, eles se identificaram como policiais, tiraram o ouro da mochila do empresário e colocaram em uma cuba de gelo, segundo o depoimento.

Quando chegaram na Seai, um dos policiais propôs um acordo. O empresário ofereceu 450 gramas de ouro à eles, que não foram aceitas. Flexa subiu a oferta para 840 gramas do ouro aos policiais, mas também não foi aceita. Com a recusa, o pagamento da propina ficou em um pouco mais de 1 kg de ouro.

Delegado Samir Freire, chefe da Inteligência da Secretaria de Segurança do Amazonas

Quando o empresário chegou em casa, ele descobriu que os policiais ficaram com 1,25 kg a mais do que foi acertado no acordo. Cerca de 2,4 kg do ouro. Ele então denunciou o caso para a polícia, após uma reunião com o Secretário de Segurança Pública da época, Louismar Bonates, a delegada geral Emilia Ferraz e o secretário da Seai, delegado Samir Freire.

Os agentes do órgão foram denunciados pelos crimes de extorsão, roubo e associação criminosa em um processo que investiga também extração ilegal de ouro.

Relembre o caso – Uma operação conjunta entre o MP-AM e a Polícia Federal que investiga a ação de agentes de segurança envolvidos no desvio de cargas de ouro, obtidas durante abordagem aos transportadores, foi realizada em julho. Na ocasião, três policiais civis e o chefe da Seai, delegado Samir Freire, foram presos por suspeita de envolvimento nos crimes.

De acordo com o MP, Samir e o grupo de policiais pediam dinheiro para liberar as cargas e ameaçavam empresários com flagrantes forjados. Foram desviados pelo menos 60 quilos de ouro.

A defesa de Samir Garzedim Freire informou que aguarda ser citada formalmente da denúncia oferecida pelo Ministério Público. Em nota, a SSP-AM disse que os alvos da referida operação foram afastados imediatamente de suas funções, no dia em que a operação foi deflagrada.

Eles estão respondendo a Processo Administrativo Disciplinar (PAD), no âmbito da Corregedoria Geral do Sistema de Segurança Pública, que visa apurar se os servidores reúnem condições de continuar na polícia ou serem demitidos do serviço público.

Investigações

O Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, que investiga o crime organizado, apura, pelo menos, cinco casos iguais ao do empresário Warner Flexa. Ao todo, os policiais são suspeitos de ficar com 60 kgs de ouro, o equivalente a R$ 18 milhões.

As investigações levaram à ação conjunta entre o Ministério Público e a Polícia Federal, realizada em julho, que resultaram na prisão de Freire e outros policiais civis por suspeita de envolvimento nos crimes. Na última semana, eles foram denunciados à Justiça por corrupção, associação criminosa, entre outros crimes, e respondem as acusações em liberdade.

De acordo com o Ministério Público, os policiais civis investigados foram seguranças ou trabalharam para empresários que negociavam ouro. Por isso, sabiam quando um carregamento chegava ou saía de Manaus.

Um dos locais preferidos para abordarem as vítimas era o aeroclube da cidade, onde os empresários deixavam os seus jatos particulares.

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