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Reféns do vizinho: Com apagão na Venezuela, abastecimento de energia em RR só com termelétricas

Concessionária diz que ainda não recebeu informação oficial sobre o motivo do desligamento na Venezuela. Usinas termelétricas do estado estão ligadas desde a noite dessa sexta (8).


Linhão de Guri que leva energia da Venezuela à Roraima — Foto: Emily Costa/G1 RR/Arquivo

O fornecimento elétrico de Roraima segue com 100% por usinas termelétricas locais neste sábado (9). Dependente da Venezuela, que enfrenta há 45 horas o pior blecaute já registrado no país, o estado ainda não recebeu informação oficial sobre o motivo do desligamento.

Responsável pela distribuição no estado, a Roraima Energia, informou nesta tarde que não há previsão para que a energia venezuelana seja restabelecida, mas garantiu que a população não corre risco de desabastecimento. Isso porque a empresa possui autonomia de combustível caso ocorra algum imprevisto.

“Todos os dias é reposto o combustível utilizado no dia anterior. Não há risco de faltar. A autonomia de oito dias nos dá a garantia de mantermos funcionamento pleno caso haja algum problema no tráfego na estrada Manaus – Boa Vista, impedindo o tráfego de combustível”, informou a empresa.

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Roraima é o único estado no país que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) e desde a noite dessa sexta (8) opera com o parque termelétrico local ligado e “tem capacidade para atender todo o estado”.

A estatal venezuelana Corpoelec afirmou no twitter que ocorreu uma sabotagem na usina hidrelétrica de Guri, situada no Leste do país.

O problema em Roraima teve início ainda na quinta (7), após identificação de dois desligamentos na interligação Venezuela-Brasil.

O governo de Nicolás Maduro alegou que o apagão no país foi um “ataque” e culpou os Estados Unidos e seus aliados latino-americanos pelo caos no país. Em meio a falta de energia, opositores e apoiadores do regime chavista foram às ruas protestar neste sábado. O serviço, entretanto, começou a ser restabelecido aos poucos em Caracas e outras regiões.

Em 2018, a instabilidade instabilidade elétrica e Roraima alcançou o número recorde de 85 blecautes, sendo 72 desses decorrentes de falhas na linha de transmissão da Venezuela, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Para suprir essas falhas foi necessário o acionamento de usinas termelétricas locais, o que custou R$ 597 – essa conta foi bancada por consumidores de todo o país. A energia gerada em Roraima custa quase oito vezes mais que a comprada na Venezuela, estima o Ministério de Minas e Energia.

Há 17 anos que Roraima recebe energia da Venezuela por meio do Linhão de Guri. A subestação de energia foi inaugurada em agosto de 2001, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso e o então presidente venezuelano Hugo Chavez. No entanto, o estado enfrenta a instabilidade elétrica com as constantes faltas de energia causadas pela falta de manutenção na rede.

Para solucionar o problema da dependência de energia importada, o governo federal pretende acelerar a construção do Linhão de Tucuruí entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR). A previsão é que a obra comece no 3º trimestre deste ano e que seja conclusa em três anos.

O trajeto, de pouco mais de 700 km, já foi licitado, mas as obras não começaram porque a Justiça as suspendeu, após discussão sobre a passagem da linha no território indígena de Waimiri-Atroari.

O governo do estado disse em nota que acompanha as medidas do governo federal e afirmou ainda que em caso de queda de energia, todas 31 unidades de saúde, entre entre hospitais de médio e grande porte, laboratórios e unidades ambulatoriais, possui gerador para acionamento automático.

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