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Teoria da conspiração: Lula vê traição de presidente do BC

Roberto Campos Neto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Com a obsessão de controlar todos os organismos do Estado, Lula e ministros de seu governo consideram que o presidente do Banco Central, Roberto Campos, um dos pouco, senão único órgão independente do governo lulopetista, traiu a confiança que o governo depositava nele.

Na narrativa do petista quem não está a favor, é contra. Na sua visão de que teto de gasto é uma “estupidez” e que responsabilidade fiscal é “uma tremenda besteira”, alguém que pense ao contrário e considere que gasto é gasto, não ajuda nessa sua forma de ver a economia, que para ele se resolve numa “canetada”.

Mesmo diante das metas claras, dizem interlocutores diretos de Lula, o Banco Central não apenas manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano pela quarta reunião consecutiva –a primeira desde que Lula tomou posse–, como endureceu o discurso e disse que deve deixar as taxas em patamares altos por mais tempo.

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Com essa mensagem, o BC estaria dificultando a recuperação do crédito e a atividade econômica no país, e colocando o Brasil na rota da recessão, mas segurando a inflação.

Lula e o governo acreditam que os alertas feitos pelo Copom foram muito além do que seria necessário. E passaram a desconfiar da atuação de Roberto Campos, indicado ao cargo por Jair Bolsonaro para um mandato de quatro anos, que decretou a independência do BC para evitar ingerências do governo de ocasião com medidas populista e politicas, como é o caso nesse momento.

Lula tem afirmado que Campos foi tratado com respeito e consideração, e que não houve reciprocidade por parte dele. Campos não é político, é técnico e se remete a frieza dos números e as análises econômicas e não é chegado a proselitismos.

Apesar da autonomia da instituição, aprovada no governo passado, Campos chegou a ir a jantares de Bolsonaro com empresários organizados para apoiar as medidas econômicas adotadas pelo presidente e pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes.

Campos até discursava nos encontros, e admitiu em um deles que recebia conselhos de não ir a eventos com políticos que integravam o governo.

Mas justificava: como os ministros de Bolsonaro eram ‘técnicos’, não haveria problema em se misturar com eles. A proximidade não macularia sua autonomia e independência.


O presidente do Banco Central se mantém próximo dos bolsonaristas. Foi à posse de Tarcísio de Freitas no governo de São Paulo e, até meados do mês, seguia em um grupo de WhatsApp que reúne ex-ministros de Bolsonaro.


Em entrevista à Rede TV! nesta semana, Lula deixou claro que está contrariado com Roberto Campos, a quem se referiu como “esse cidadão”.

“Quero saber do que serviu a independência do Banco Central. Eu vou esperar esse cidadão [Campos Neto] terminar o mandato dele para fazermos uma avaliação do que significou o banco central independente”, disse Lula.

O BC divulgou o comunicado em que subiu o tom e contrariou o governo Lula na quarta (1º), depois de manter a Selic em 13,75%.

O texto fazia alertas sobre as incertezas fiscais e a piora nas expectativas de inflação, que estão se distanciando da meta em prazos mais longos.

Sinalizava ainda que o BC deve deixar os juros no patamar atual por mais tempo – hoje o mercado prevê o início do afrouxamento monetário em setembro.

“O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que têm mostrado deterioração em prazos mais longos desde a última reunião”, afirmava o comunicado.

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