As transferências ocorreram nas casas de detenções do complexo prisional de Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza.A
Em entrevista nesta quarta-feira (9) à Globo News, o governador Camilo Santana afirmou que 21 presos de facções criminosas foram transferidos do Ceará para presídios federais em outros estados. O governo federal ofereceu 60 vagas nos presídios que administra para receber criminosos que atuam no estado.
Até agora, 191 detentos foram autuados pelos crimes de desobediência, resistência e motim dentro das unidades prisionais do estado. Os indiciamentos ocorreram nas casas de detenções do complexo prisional de Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Segundo Camilo, o governo está mudando a política de controle e segurança nas unidades penitenciárias, principalmente para evitar a comunicação dos detentos com as ruas. O governador afirmou ainda que o maior rigor no sistema penitenciário faz parte de um plano trabalhado em três eixos na área da segurança pública, iniciado após uma crise no sistema penitenciário, em 2016.
“Dobrei o número de agentes penitenciários, e agora no fim do ano tomei a decisão de que era uma área que precisava de uma intervenção mais forte do Estado. A verdade, é que temos leis muito frouxas hoje no Brasil. Infelizmente, a polícia prende o bandido, mas ele continua a comandar o crime de dentro do presídio. O que eu estou fazendo é cumprir a lei dentro dos presídios”, disse.
Resumo
A série de ataques criminosos contra ônibus, bancos, prefeituras, comércios e prédios públicos que atinge Ceará completou uma semana. Desde quarta-feira (2), foram contabilizados 169 ataques em 42 dos 184 municípios cearenses. Para tentar conter a onda de violência em Fortaleza e no interior, o estado recebeu o reforço de tropas da Força Nacional e de policiais da Bahia.
Membros de facções criminosas atacaram veículos da frota de ônibus, bancos, postos de saúde, prédios públicos e privados e veículos utilizados em serviços como Correios e coleta de lixo.
Em pichações, os criminosos pedem a saída do secretário da Segurança Penitenciária, Mauro Albuquerque, que prometeu acabar com a entrada de celulares nos presídios e com a divisão nas unidades conforme a facção a que cada preso pertence.
- Foram 169 ataques em 42 cidades desde quarta-feira (2). Criminosos incendiaram pelo menos 31 ônibus, quatro delegacias e cinco postos de combustível. Também foram usados explosivos em um viaduto e duas pontes na Grande Fortaleza. Na BR-020, um viaduto recebe escoras e está bloqueado para o tráfego de veículos. Os policiais prenderam 215 suspeitos.
- Criminosos que estão presos afirmam não aceitar a proposta do secretário de acabar com a divisão das facções no sistema penitenciário. Atualmente, cada presídio do Ceará recebe detentos de uma única organização criminosa. Os presos ordenaram que comparsas fizessem uma série de ataques para que o Governo do Estado recuasse das medidas.
- O governo respondeu que não iria “recuar um milímetro” das medidas contra organizações criminosas. Para combater a onda de ataques, o governador do Ceará, Camilo Santana, pediu apoio ao Governo Federal e ao governador da Bahia, Rui Costa, que enviou 100 policiais militares baianos ao Ceará.
- Trezentos agentes da Força Nacional foram enviados ao Ceará na sexta-feira (4), e começaram a atuar no dia seguinte. Os ataques permaneceram, e o Ministério da Justiça anunciou o envio de mais 200 agentes. A Força Nacional atua principalmente em Fortaleza e Região Metropolitana, que concentram cerca de 80% dos ataques. Eles formam blitz em “vias estratégicas”, já que a maior parte dos ataques são cometidos por criminosos em veículos.
- No sexto dia de ataques, após ameaça das facções, comerciantes fecharam as portas em algumas regiões da periferia de Fortaleza e Região Metropolitana. Três foram presos pelas ameaças. O transporte público também funciona com frota reduzida e com policiais militares embarcados.
- Nos bairros onde os ataques foram mais comuns também foram suspensos os serviços de coleta de lixo e de entrega de postagens. A consequência foi diversos pontos de lixo espalhados por bairros da capital.