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Saiba quais os efeitos da cetamina que matou a ex-sinhazinha

Em buscas, polícia apreende ketamina, ampolas e seringas em salões de beleza da família da ex-sinhazinha — Foto: Karla Melo/Rede Amazônica

Também conhecida no meio recreativo como “Special K”, a cetamina é classificada como um anestésico dissociativo, com alguns efeitos alucinógenos. Os efeitos da droga dependem muito da dose tomada e podem variar desde uma sensação “estranha” e desconexão até sedação e inconsciência. O medicamento, usado como tranquilizante de cavalo, foi responsável pela morte da empresária e ex-companheira do Boi Garantido, Dilemar Cardoso Carlos da Silva, a Djidja, de 32 anos, que atuou entre 2016 e 2020 no Festival Folclórico de Parintins. 

A cetamina tem ação rápida e um efeito relativamente curto em comparação com alucinações causadas pelo LSD, por exemplo – uma alucinação com cetamina pode durar entre 30 e 60 minutos.

Doses menores distorcem as percepções visuais e sonoras de uma pessoa e podem criar uma sensação de calma, euforia e alívio da dor. Isso pode fazer com que o usuário se sinta “fora do corpo” e fora de controle.

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Doses recreativas mais altas criam uma sensação de “esquecimento” semelhante a uma experiência de quase morte – também conhecida como “k-hole”.

A droga pode causar amnésia, o que talvez seja uma das razões pelas quais ela costuma ser usada para “facilitar a agressão sexual” em golpes de “Boa Noite, Cinderela” – conforme observado pela Drug Enforcement Administration (DEA, o órgão encarregado da repressão e controle de narcóticos) do Departamento de Justiça dos EUA.

Em doses ainda mais elevadas, a droga se torna um agente anestésico, causando sedação, inconsciência e frequências respiratórias fatalmente baixas.

A cetamina é comumente usada como sedativo e anestésico em hospitais para pessoas submetidas a cirurgias. É um dos sedativos mais seguros e eficazes para crianças que necessitam de procedimentos hospitalares curtos e de emergência.

Usada recreativamente?

A cetamina vem na forma líquida ou como pó branco, podendo, portanto, ser injetada ou inalada. Algumas pessoas a consomem na forma de comprimido, misturada com bebidas ou até com cigarro.

Por vezes, a droga também é misturada com outras drogas recreativas, como anfetaminas e MDMA. Mas misturar medicamentos pode causar interações não intencionais entre eles e expor os usuários a maiores riscos à saúde.

Uma análise do uso atual de cetamina pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) observou “vários danos agudos e crônicos dependentes da dose, incluindo toxicidade neurológica e cardiovascular, problemas de saúde mental, como depressão, e complicações urológicas, como danos à bexiga, devido ao uso intensivo.”

Para tratar a depressão?

Em 2019, a FDA aprovou um spray nasal baseado em um derivado da cetamina – a escetamina – em conjunto com um antidepressivo oral, para o tratamento da depressão em adultos quando outros medicamentos se mostram ineficazes.

Mas em outubro de 2023, a FDA alertou sobre um “interesse crescente” no uso de produtos manipulados de cetamina para o tratamento de transtornos psiquiátricos, incluindo depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno obsessivo-compulsivo – quando nem cetamina quanto os medicamentos manipulados resultantes foram aprovados para uso seguro em humanos.

Geralmente há pouca clareza quando se trata de medicamentos manipulados. Eles podem até ser feitos com fármacos aprovados individualmente para uso em humanos, mas os produtos manipulados resultantes não são aprovados – ou seja, a nova mistura de medicamentos não foi testada quanto à segurança em humanos.

A manipulação em si, como é sabido, não é ilegal – alguns pacientes, inclusive, precisam que seus medicamentos sejam manipulados no caso, por exemplo, de possíveis reações alérgicas a um dos elementos do medicamento original.

Mas o uso de cetamina em medicamentos manipulados é um caso específico. A FDA alerta para possíveis abusos e uso indevido, levando a distúrbios psiquiátricos, aumento da pressão arterial ou hipoventilação. O órgão desaconselha o uso de qualquer forma de cetamina em casa ou em qualquer lugar onde seu uso não possa ser monitorado por um profissional de saúde.

Abuso e dependência

Um estudo publicado em novembro de 2023 sugeriu que a cetamina subanestésica estava sendo falsamente anunciada online para tratar problemas de saúde.

“Os anunciantes podem promover infusões intravenosas e/ou formulações orais, descritas como um tratamento emergente para problemas de saúde mental”, escreveram pesquisadores num artigo publicado pela JAMA Network.

“Apesar dos potenciais benefícios da cetamina no tratamento de determinadas condições de saúde mental, foram levantadas preocupações bem fundamentadas relativamente às semelhanças com a prescrição de opiáceos e ao risco de uso indevido generalizado”, escreveram.

A cetamina vicia. Mas eis que surgiu um paradoxo: outro estudo, publicado em 2018, também sugeriu que a cetamina poderia ser usada no tratamento da dependência.

Segundo a pesquisa, foi graças à cetamina que alcoólatras em recuperação e viciados em cocaína e heroína conseguiram ficar limpos por mais tempo. Mas mesmo esses pesquisadores alertam: mais pesquisas sobre o tema se fazem necessárias.

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