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TCU suspende auditor do relatório falso sobre mortes por Covid

CPI da pandemia. Depoimento do auditor do TCU, Alexandre Silva Marques, que produziu documento paralelo usado por Bolsonaro
Alexandre Figueiredo Marques, auditor afastado da TCU

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu suspender, por 45 dias, sem direito a salário, o auditor Alexandre Figueiredo Marques, por ele ter produzido um relatório paralelo que indicava suposta supernotificação de mortes por Covid-19 no Brasil. O documento chegou a ser citado pelo presidente Jair Bolsonaro.

A sanção foi sugerida pela comissão do tribunal que comandou o processo administrativo disciplinar contra o servidor e acatada pelo secretário-geral de Administração do TCU, Lúcio Flávio Ferraz, a quem cabe aplicar penas a servidores inferiores à demissão. No caso de demissão, a competência é da presidência da Corte.

A decisão foi publicada no diário oficial interno do TCU desta segunda-feira (13). O servidor poderá ainda recorrer ao plenário da Corte para tentar reduzir a suspensão.

“DECIDINDO, em Processo Administrativo Disciplinar, responsabilizar o servidor ALEXANDRE FIGUEIREDO COSTA SILVA MARQUES, AUFC, Matrícula 7655-4, pelo descumprimento do disposto no art. 116, incisos I, II, III, VIII e IX, da Lei 8.112/1990, devendo ser-lhe aplicada a penalidade de suspensão, fixada em 45 (quarenta e cinco) dias, sem possibilidade de conversão em multa e com pleno afastamento de suas atribuições, com base no art. 127, inciso II, c/c o art. 129 da Lei 8.112/1990”, diz a decisão, assinada pelo secretário-geral de Administração do TCU, Lúcio Ferraz.

Relembre – Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, o auditor da Corte que foi penalizado, alegou ter feito um ensaio sobre o número de mortes por Covid-19.

No entanto, a área técnica à qual ele era vinculado não viu qualquer sentido em fazer um estudo nos termos sugeridos. Ele, então, encaminhou o ensaio pra o pai, que ocupa um cargo de confiança na Petrobras.

Na sequência, Bolsonaro disse que um documento do TCU informava que 50% das mortes por Covid-19 poderiam ser superestimadas. A Corte negou oficialmente ter elaborado qualquer relatório, acórdão ou auditoria neste sentido.

Alexandre Marques, auditor do TCU, na CPI da Pandemia
Alexandre Marques, auditor do TCU, na CPI da Pandemia

Nas redes sociais, o ensaio de Alexandre Marques recebeu um selo falso do TCU. O caso levou à abertura de investigação interna, que agora o leva à suspensão, e também o colocou na mira da CPI.

À CPI, Alexandre Marques afirmou que fez um levantamento de “algumas informações públicas para provocar um debate junto à equipe de auditoria” e que teria enviado o documento ao seu pai, em formato Word, sem o cabeçalho com o escrito “Tribunal de Contas da União”.

Durante seu depoimento à CPI, em julho, Marques confirmou que o “estudo paralelo” que contestava número de mortos por Covid-19 era preliminar e foi descartado no TCU. Ele afirmou ter ficado “indignado” ao saber que o pai compartilhou o documento com o presidente.

O pai – O pai de Marques é colega de Bolsonaro desde a época da Academia Militar das Agulhas Negras e trabalhou junto ao presidente no Exército. No depoimento à comissão, Marques afirmou que eles “mantêm contato”. O pai teria repassado o documento ao presidente, que apresentou o levantamento atribuindo-o oficialmente ao Tribunal e já com o cabeçalho incluso.

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